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quando não é possível viver…

… olho os outros vivendo. e fico feliz, por eles, pela possibilidade aproveitada, pela alegria percebida. compartilho dela, mesmo que pra mim não seja igual.

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faz tempo que larguei as correntes pra lá, parei de arrastá-las. era muito peso mesmo, atrapalhava. inclusive, quando surgia uma possibilidade mixuruca de vida pra mim era impossível aproveitar com aquele peso todo. sim, sou mais inteligente que rancorosa.

mas quando as possibilidades escasseiam, como agora, vai amargurando. é inevitável. e vou espichando mais o olhar para a vida alheia. juro que não sugo energia de ninguém, nem sou invejosa. só lamento não ter um pedacinho daquilo tudo que vejo pra mim também. podia, né?

entenda. não sei bem como fiz todas as minhas escolhas, mas acho que escolhi errado em vários momentos. e tenho noção que sou também responsável por muito do que não tenho e não vivo hoje. mas acho que ou não tive uma visão completa do quadro ou realmente fui sacaneada ao fazer várias escolhas no escuro, tateando.

1989 foi o 1968 da minha geração. e está fechando 30 anos de vários momentos supimpas, decisivos da minha vida. e está impossível não lembrar, não repensar as cagadas, e também ressorrir com os acertos, com a impetuosidade, disposição, ousadia… eu fui muito feliz. vivi plenamente os meus 17 anos inteirinho, de cabo a rabo.

ultimamente tem sido mais espiar mesmo. e nos dias que virão lamentarei de novo não ter vivido esses aqui para ter o que lembrar desse tempo. é um círculo vicioso. enquanto a memória permitir, fico com aquele turbilhão do século passado.

de verdade? eu nem acreditava que ultrapassaria o século. achava que seria barrada na entrada, ou algo parecido. e de certa forma fui barrada. fiquei lá. fuén-fuén-fuééénnnnnnn…

resta a alegria do olhar, que é também triste… como a vida, no geral.

 


sigo errando…

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saí para participar de um programa de rádio pouco depois do meio dia sem tomar café. (erro 1)

num outro espaço que não a rádio, fui sincera como quase sempre sem medir palavras. e me-senti/fui fiscalizada, atropelada. (erro? 2)

ao invés de fincar o pé, me impor e perguntar “qualé?”, me desculpei pelo erro que não cometi e conciliei quando não quero mais conciliar e consciente que não valerá o esforço. (erro 3)

cheguei em casa e emendei o café da manhã com almoço e comi com raiva (erro 4), com direito a engasgo e choro involuntário que desencadeou num voluntário. porque poucas coisas me chateiam mais do que ser fiscalizada e essa sensação de não poder ser eu mesma. como se devesse algo, sabe comé?

agora estou aqui mei que passando mal e lembrando que embora eu estivesse mesmo doente todas as vezes que hibernei (digamos assim), não era só a falta de condições físicas e mentais de sair e permanecer no mundo. é que realmente esse mundo não me apetece muito. não desse jeito.

hoje, embora esteja bem e bem longe do abraço sombrio da depressão, senti vontade de hibernar. largar tudo pra lá e me afastar de tudo e todos (e aqui pode morar o erro 5, onde já não tenho mais espaço para errar).

fazia muito tempo mesmo que não comia com raiva. eu e o Gilson nos esforçamos para construir e manter o Parque Jurassí como um espaço de paz, um refúgio das agruras do mundo como deve ser todo lar digno do nome.

sim, preciso me preservar mais. estar mais atenta dos terrenos por onde piso e as pessoas que tenho mantido por perto. a questão é sempre me convencer que o andar vale esse esforço extra aí. é por isso que eu paro de vez em quando.

sabe o dia que parece uma matrioska de erros?