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A leitura genial de Latuff sobre a tragédia no Rio…
Policial da repressão faz apologia da tortura em Zero Hora
Mídia à beira de um ataque de nervos
A mídia brasileira está sendo vítima de um surto da síndrome do pânico: está com horror ao espelho. Berra e esperneia quando alguém menciona a organização de conferências ou debates públicos sobre meios de comunicação, imprensa, jornalismo. Apavora-se ao menor sinal de controvérsias a seu respeito, por mais úteis ou inócuas que sejam. Parece ter esquecido que o direito de ser informado é um dos direitos inalienáveis do cidadão contemporâneo. O Estado Democrático de Direito garante a liberdade de expressão e o acesso universal à informação.
A instituição criada para impedir unanimidades, o poder instituído para promover o pluralismo, o bastião do Estado Democrático de Direito, agora se sobressalta e entra em transe quando pressente outros holofotes tentando focalizá-lo.
Diagnóstico 1: modéstia. Diagnóstico 2: narcisismo. Diagnóstico 3: onipotência. Diagnóstico 4: hipocrisia.
Nada impositivo
O primeiro episódio ocorreu no início de dezembro, antes da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom): o grosso das corporações empresariais de mídia desistiu de participar dos debates, compareceram apenas duas. As únicas que ficaram bem na fita. A Confecom chegou ao fim, produziu um calhamaço de propostas, a maioria inócuas, e os ausentes nem puderam cantar vitória porque se escafederam antes das luzes se apagarem (ver, neste OI, “Lições de manipulação” e “O misterioso e suspeito desaparecimento do Conselho de Comunicação Social“).
Menos de um mês depois, final de dezembro, novo faniquito: o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). A mídia inicialmente parecia sensível aos apelos das vítimas, parentes ou entidades em defesa dos direitos humanos para reabrir as investigações sobre a repressão política durante o regime militar. Então aparece a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e começa a urrar como aquelas senhoras que pressentem uma barata no quarto escuro.
(…)
A luta pelos direitos humanos não tem dono, está definitivamente incluída na pauta dos debates nacionais. Tortura não é coisa do passado, é do presente. É melhor liberar o aborto do que encontrar diariamente nos lixões recém-nascidos abandonados por mães solteiras. A exibição de símbolos religiosos em repartições do Estado afronta aqueles que acreditam que o Estado é garantidor da isonomia cidadã, da democracia e da tolerância.
(…)
O mais baixo da escala do caráter
O Latuff mais uma vez arrebentou. Conseguiu traduzir através de sua arte o mau caratismo do senhor Boris, aquele que é, para todos nós, uma vergonha. Boris é uma figura extremamente preconceituosa, o que fica evidente em seus comentários nos telejornais que apresenta e apresentou. Talvez seja uma das faces mais visíveis desse tipo preconceito existente nas redações por todo país. Agora, mesmo para os que não viam tão evidentemente tal comportamento, a máscara caiu de uma vez. No entanto, o caso Boris é apenas a parte visível deste comportamento. Enquanto tivermos a manutenção dos oligopólios midiáticos teremos sempre esse tipo de preconceito conduzindo a forma de “ver o mundo” traduzida pelas reportagens e opiniões emitidas através desses meios, mesmo que essas sejam revestidas pelos mitos de isenção e imparcialidade.
Agora é oficial: Folha de São Paulo anuncia sua despedida do jornalismo
O jornal Folha de São Paulo anunciou nesta sexta-feira que desistiu definitivamente do jornalismo. O anúncio veio sob a a forma de um artigo do sr. César Benjamin que, a pretexto de comentar o filme “Lula, o Filho do Brasil”, acusa o presidente da República de ter tentado “subjugar” um preso político quando esteve preso durante a ditadura. Segundo Benjamin, o episódio teria sido relatado a ele pelo próprio Lula, em 1994, com uma suposta confissão que teria sido feita na época pelo futuro presidente: “Eu não agüentaria (ficar preso). Não vivo sem boceta”. O artigo de “análise”, segundo a Folha, ocupa uma página inteira do jornal. Quartel-general do candidato tucano à presidência da República, José Serra (PSDB), o jornal dirigido por Otávio Frias Filho não hesitou em chamar o ocupante do mais alto cargo da República de “molestador”, a partir do relato de um terceiro.
“O esgoto corre nas páginas da Folha. O jornal da ditabranda mostra como será a campanha de 2010”, comentou Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador. O jornalista Luis Nassif conversou com o delegado Armando Panichi Filho, um dos dois escalados para vigiar Lula na prisão, que disse nunca ter ouvido falar de nada semelhante ao episódio relatado por Benjamin. Mais do que isso, disse que seria impossível. “Na cela de Lula tinha duas ou três pessoas juntas. No corredor, as celas eram juntas. Qualquer episódio seria percebido ou pelos carcereiros – que davam plantão 24 horas por dia – ou pelos presos nas demais celas. Nunca ouvi falar disso e não acredito que tenha acontecido e muito menos que houvesse possibilidade de acontecer”, disse o delegado. Já a Folhasimplesmente soltou a acusação ao vento, apresentando-a como sendo uma “análise”. Triste fim. Da Folha e do sr. Benjamin.
A decisão de abandonar o jornalismo pode ter sido causada pela acentuada perda de leitores. Segundo artigo de Carlos Castilhos, no Observatório de Imprensa, a Folha, considerada até há bem pouco tempo um dos mais influentes jornais do país, vendeu em média 21.849 exemplares diários em bancas em todo o país, entre janeiro e setembro de 2009. Uma queda gigantesca. Em outubro de 1996, revela Castilhos, a venda avulsa de uma edição dominical do jornal chegava a 489 mil exemplares. Hoje, segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC), a Folha é o vigésimo quarto jornal em venda avulsa na lista dos 97 jornais auditados pelo instituto. A tiragem atual da Folha, mesmo quando somada a dos jornais O Globo e o Estado de São Paulo, corresponde a menos de 5% da média da venda avulsa nacional.
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A íntegra do artigo do sociólogo Cezar Benjamin, “Os Filhos do Brasil”, publicado na Folha de São Paulo nesta sexta (27/11), que originou a reação de Marco Weissheimer e muitas outras mais.
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Nota: O artigo de Cezar Benjamin originou uma imensa polêmica na blogosfera durante toda a sexta-feira e mais intensamente na madrugada de sábado. A acusação feita pelo sociólogo e ex-petista à Lula acabou por desencadear até um protesto em frente à FSP, marcado para o próximo sábado (05/12). Fato é que a disputa eleitoral de 2010 já começou e pelo visto será mais suja e rasteira do que nunca.
Atualização 30/11, 03h47
Durante o final de semana, vários depoimentos negaram a história contada por Benjamin, incluindo o do suposto “estuprado” João Batista dos Santos, ex-metalúrgico que morou e militou em São Bernardo do Campo. Há cerca de três anos, ele ganhou uma indenização da Comissão de Anistia e foi viver em Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo. Por meio do amigo Manoel Anísio Gomes, João declarou a VEJA: “Isso tudo é um mar de lama. Não vou falar com a imprensa. Quem fez a acusação que a comprove”.
O atual presidente do PSTU, José Maria de Almeida – militante da Convergência Socialista na época – que esteve preso na mesma cela que Lula, declarou à imprensa: “Tenho motivos para atacar o Lula. O seu governo é uma tragédia para a classe trabalhadora. Mas isso que está escrito não aconteceu.”
Le Monde será atualizado hoje apenas por blogueiros
A versao do jornal francês Le Monde na internet será atualizada nesta sexta-feira apenas por blogueiros, em comemoração aos cinco anos na web. O site do Le Monde reúne, entre seus blogueiros, assinantes, jornalistas, acadêmicos e especialistas. Eles sao responsáveis hoje por 13% da audidência. (Fonte: Agencia France Presse)
Caetano atacou a desonestidade da Veja; O Globo fez que não ouviu
“É preciso que se saiba que é abominável, que há muita desonestidade ali”, desabafa o cantor e compositor baiano, em tom enérgico. “A classe média instruída brasileira não lê direito a Veja, não acredita tanto. Mas a medianamente instruída se pauta muito por uma possível honestidade jornalística daquele veículo. Esse gente precisa ser avisada de que não há, nem de longe, sombra de honestidade naquilo.”
Classificando os articulistas da Veja como “desonestos”, Caetano citou um caso exemplar da desmoralização pela qual passa a principal revista da Editora Abril, da família Civita. O episódio ocorreu em setembro de 1995, quando Veja publicou uma ma matéria desaforada contra o DJ norte-americano Moby. “Ele diz tanta besteira que até parece o brasileiro José Miguel Wisnik — aquele sujeito que acredita que o termo ‘Big Bang’ é uma apropriação anglo-saxã da origem do universo”, escreveu Sérgio Martins na revista.
Wisnik, no entanto, jamais teceu qualquer comentário do gênero sobre a expressão “Big Bang”. A tal “apropriação” a que Veja se refere foi feita, na realidade, por Caetano, que escreveu para a revista e corrigiu as informações. Além de a carta nunca ter sido publicada, Veja voltou a atribuir a “apropriação” a Wisnik mais duas vezes. “Nunca mudaram, são desonestos. Eu não falo com eles. Outras coisas houve antes, mas essa é inacreditavelmente canalha”, resume Caetano, na entrevista.
Jorge Bastos Moreno – Você tem muita inimizade dentro da música?
Caetano Veloso – Não tenho. Mesmo o Geraldo Vandré — que foi a única briga que eu tive propriamente dessa maneira, naquela altura… Quando eu estava já exilado em Londres, ele foi me visitar. Choramos juntos, estava nevando, conversamos um bocado. Depois que ele voltou pro Brasil, já estive com ele algumas vezes. Mas já faz algum tempo que ele se afastou.
Leia todos os trechos não publicados no jornal O Globo, da entrevista de Caetano Veloso.
A blindagem teflon de Yeda
Quem acompanha de fora do Rio Grande do Sul os escândalos que envolvem o governo Yeda Crusius (PSDB), talvez não perceba o grau, o nível, de proteção com que a governadora conta por parte da imprensa local. Durante o escândalo do mensalão o termo blindagem ficou conhecido pelas denúncias da grande imprensa sobre a proteção ao presidente Lula feita pelo PT e aliados. Pois bem, em solo gaúcho inaugurou-se a blindagem teflon feita não pelos aliados de Yeda, mas pela própria imprensa. Nada gruda na imagem de administradora eficiente, austera e competente da tucana Yeda Crusius. Nem poeira.
Primeiro foram as denúncias do vice-governador, Paulo Feijó (DEM) logo nos primeiros meses. As diferenças entre Yeda e Feijó começaram logo após a eleição (talvez até durante o processo eleitoral) e ele se afastou do governo logo após a posse. Feijó foi classificado como um ressentido, Yeda o acusou pela imprensa de “querer implodir o governo”, e não mais lhe deram crédito. Ignorando rótulos, ele continuou denunciando e apresentando suas provas.
Paralelo às denúncias do vice, outros escândalos de corrupção – que pareciam menores -, foram pipocando na imprensa e se somaram ao grave caso de fraude no Detran. Entre esses “menores” estão os incentivos fiscais em projetos culturais, Banrisul, a compra da casa da governadora, caixa dois, entre outras. O caixa dois, denunciado pelo tucano Lair Ferst, lobista e arrecadador da campanha e também pivô da fraude no Detran, envolve diretamente o nome de Carlos Crusius, na época ainda marido de Yeda. As denúncias de Ferst corroboravam as já feitas por Feijó, e parecia bastar apenas a junção das peças do quebra-cabeças. Mas não com Yeda e sua blindagem especial!
As ligações das denúncias com pessoas próximas à governadora foram ficando cada vez mais claras e evidentes, e ganharam corpo com a gravação de uma conversa entre Paulo Feijó e o então chefe da Casa Civil, Cézar Busatto. Na gravação, Busatto faz uma oferta implícita de suborno ao vice-governador para que ele pare com as denúncias contra o governo e ainda explica didaticamente que o Banrisul é fonte de financiamento das campanhas do PMDB e o Detran e Daer do PP (partidos da base aliada de Yeda). A gravação foi feita pelo próprio Feijó e Busatto teve de deixar seu cargo para que o caso não atingisse a imagem da governadora. E não é que deu tempo!?
Mesmo com tantas denúncias, investigações em curso, gravações clandestinas para todo lado, no final de 2008, Yeda anunciou o “déficit zero” das contas do estado. Fato amplamente alardeado pela imprensa, reforçando sua imagem de “excelente administradora” e dando uma “lustradinha” em sua imagem.
Como se já não bastasse, teve ainda o suicídio com cara de assassinato (queima de arquivo, para ser mais exata) de Marcelo Cavalcante – “embaixador gaúcho em Brasília”, segundo palavras da governadora. Cavalcante foi encontrado morto no Lago Paranoá em fevereiro deste ano, e o caso permanece não explicado.
Além de Paulo Feijó, fizeram denúncias graves contra Yeda: Luciana Genro e Pedro Ruas (ambos do PSOL), a viúva de Marcelo Cavalcante, a Polícia Federal e o Ministério Público. Sendo que a denúncia oferecida pelo MP à justiça contra Yeda – aquela citada por Luciana Genro que quase rendeu-lhe um processo de cassação orquestrado pelo PSDB na Câmara Federal – foi o resultado final das investigações da fraude no Detran, que envolvem também a denúncia de caixa dois. O montante desviado dos cofres gaúchos, do que foi apurado até agora nesse caso, ultrapassam os 40 milhões de reais.
Yeda conseguiu retirar seu nome do processo via Justiça Federal, e ainda ameaçou denunciar os procuradores federais por perseguição junto a seus superiores, e também conseguiu arquivar o pedido de impeachment feito pelo PSOL na Assembleia Legislativa do RS. Não conseguiu evitar a CPI da corrupção – que continua na AL –, mas sem maioria, a oposição tem dificuldades até de ouvir depoimentos e realizar seções ordinárias. Apenas para registro, alguns dos depoimentos na CPI confirmam o teor de denúncias feitas. Indício de prova? Não para a valorosa e destemida imprensa gaúcha!
Após o arquivamento do impeachment, Yeda concedeu uma coletiva no Palácio Piratini onde reclamou da perseguição sofrida pelo ressentido Feijó e disse ter cometido um erro ao comprar a casa onde mora no início do mandato. O mea culpa da governadora colou e a CPI também caiu no descrédito – coisa da oposição, claro!
Independente do respeito e proteção gozados por Yeda junto à imprensa, o resultado de tantos escândalos na popularidade da governadora tucana é devastador. Entre os governadores brasileiros, Yeda tem a pior avaliação. Em pesquisa encomendada pelo Grupo RBS no início de outubro, 74% dos gaúchos desaprovam o governo Yeda, e 62% apoiam seu impeachment.
Ainda assim, é o CPERS (sindicato dos professores estaduais) o grande vilão da atual cena gaúcha, porque vai para a rua protestar ao invés de dar aula, porque mantém tão honrada líder encarcerada em sua casa e no Palácio em dias de protesto e porque ainda – pior de tudo – ofende Yeda em sua dignidade pessoal. Isso é imperdoável!
A deputada Luciano Genro – opositora ferrenha da governadora – sentenciou em seu site, 6/11, que tanto o PSDB nacional quanto José Serra evitariam ter Yeda em seu palanque no RS, e o mais indicado para a governadora – articulado, segundo Luciana, pela direção tucana – seria renunciar e se candidatar a deputada federal para garantir a imunidade parlamentar diante dos processos já existentes e os que ainda virão. Se isso foi realmente cogitado pela direção do PSDB, não sei. Mas Luciana Genro enganou-se. Serra, acreditando na incrível resistência e eficácia da blindagem teflon de Yeda, acaba de lançá-la como sua companheira de chapa na pré-candidatura à presidente.
De minha parte, estou imensamente agradecida a Serra. Aliás, o governador paulista – já que considera Yeda tão competente – poderia nos fazer o favor de levá-la de volta para São Paulo.
O tempo de Yeda no Piratini (e quiçá de sua carreira política) está, felizmente, no fim e a imprensa gaúcha deixa um exemplo singular de anti-jornalismo, divulgando todas as denúncias e fazendo a mágica de, ao mesmo tempo, manter a governadora protegida dela mesma.
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“Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo” – verso do Hino Riograndense, mais conhecido que o Hino Nacional cá por essas bandas.
Em tempo: Preciso avisar que usei (e abusei) de ironia no artigo?
Obama concede entrevista à blogueira cubana
Em uma entrevista à BBC Mundo há Sánchez afirmou que no último dia 6 de novembro, ela foi detida durante quase meia hora e espancada por um grupo de homens para impedir que ela chegasse a uma manifestação pública.
Notas:
1) Sigo Yoani no Twitter [@yoanisanchez] e venho acompanhando sua recuperação do espancamento que sofreu há poucos dias, como é citado na matéria da BBC Brasil. Sou solidária a sua luta por liberdade e justiça.
2) Chamou minha atenção a resposta de Obama à última pergunta, se ele estaria disposto a visitar Cuba. O último parágrafo da resposta: “Anticipo el día que pueda visitar una Cuba donde toda su gente pueda gozar de los mismos derechos y oportunidades que goza el resto de la gente del continente.”
3) Se Obama não sabe (*), alguém precisa avisá-lo: Democracia por si só, não garante direito e nem oportunidades a ninguém. E o resto do povo do continente americano vai de mal a pior, tão sem direitos e oportunidades quanto o povo cubano sem liberdade de manifestação e organização. É só olhar o México, onde – teoricamente – existe democracia e o povo é “livre”. Livre para optar entre ser explorado, para continuar recebendo as sobras americanas, ou para morrer tentando atravessar a fronteira para os EUA.
4) Minha pergunta a Obama: O que faria os EUA se Raul Castro anunciasse a “queda do muro” de Cuba, declarasse que todos são livres para ir e vir, e permitisse ao povo cubano atravessar o mar e desembarcar em Miami?
(*) mera figura de linguagem, é óbvio que Obama sabe de tudo isso.
Atualização 21/11/2009 – 4h
No Twitter, sigo também Yohandry Fontana [@yohandry], defensor da revolução cubana e que trava fortíssimos debates com Yoani Sánchez. Vejam na página de Yohandry o questionamento quanto à veracidade do sequestro e agressões denunciados por Yoani.
Como comunista sou antes de tudo libertária. E por mais que o processo de revolução cubana seja instigante e apaixonante, para mim não há socialismo sem democracia, muito menos comunismo sem liberdade. Para quem é informado apenas pela grande imprensa, isso pode soar estranho. Mas quem vai além das versões oficiais, entende exatamente o que digo.
Dica: O debate entre os Y’s pelo Twitter é muito interessante.
O caso Battisti
STF declarou hoje, 18, legítima a extradição de Cesare Battisti para seu país de origem, mas a decisão não deve ser obrigatoriamente acatada pelo presidente Lula
Ainda sobre o filho de FHC…
Os dois posts abaixo reproduzem textos publicados nesta segunda-feira, 16, na chamada imprensa alternativa sobre o “furo de reportagem” da colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo. A matéria, de domingo 15, informa que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vai, finalmente, assumir o filho Tomas (ou Thomas) Dutra Schmidt, de 18 anos – fruto de um relacionamento extraconjugal com a jornalista Míriam Dutra da Rede Globo.
Eu mesma escrevi um texto, “O filho bastardo de FHC e a imprensa“, que foi em parte reproduzido no blog Amigos de Pelotas. Lá, no AP, até o título se transformou em polêmica. Através dos comentários me dei conta de que faltava informação, faltava acesso à discussão que eu estava acompanhando desde as primeiras horas de domingo. Então, escolhi dois entre os textos mais indicados no Twitter para socializar com vocês, leitores.
Reproduzo-os na íntegra, logo abaixo, além de deixar o link dos endereços originais. Os textos estão assinados e foram amplamente debatidos e repercutidos pela blogosfera (= nome que se dá ao universo dos blogs e/ou weblogs).
Boa leitura.
Burburinho: Emenda 36 pode ter sido o cala-boca da imprensa
.Stanley Burburinho, do Portal Luis Nassif(16/11/2009 – 11:10).Para comprar o silêncio da imprensa sobre o seu filho fora do casamento, o FHC criou um rombo na Constituição para permitir a entrada de até 30% de capital estrangeiro nas mídias brasileiras que estavam falidas na época:.“EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 36.As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional:(…)Art. 1º O art. 222 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:“Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação.(…)§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º.§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional.” (NR)Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação..Brasília, 28 de maio de 2002.Mesa da Câmara dos Deputados: Deputado AÉCIO NEVES – Presidente”.Clique AQUI para ler a Emenda 36 na página do Senado Federal.Acredito que com essa alteração na Constituição o FHC livrou a Globo de ser questionada pelo fato de ter o aporte de capital da Time-Life, o que a Constituição proibia, quando a TV foi criada durante a Ditadura. Vai que o Lula vence as eleições e resolve questionar isso?
FHC leva 18 anos para reconhecer filho e Folha faz dele um bom caráter
Saiu na primeira página da Folha, em furo de reportagem da colonista (**) Mônica Bergamo.
Depois de dezoito anos, o ex-presidente da República e varão de Plutarco vai reconhecer oficialmente Thomas, filho que teve com jornalista da Globo que cobria o Senado.A relação amorosa do Senador Fernando Henrique Cardoso com a jornalista da Globo Miriam Dutra era pública e sem recato.Sempre se soube que tiveram um filho.Nenhum órgão do PiG (***) tratou de Thomas, em dezoito anos.O argumento – inclusive o da Folha (*) – era comovente: como nenhum dos dois confessa, não é verdade.O PiG (***) blindou o campeão da Moral e dos Bons Costumes.Quem tratou disso foi a revista Caros Amigos.E o Juca de Oliveira que, numa de suas peças, diz abertamente que Fernando Henrique tinha um filho fora do casamento.Na noite a que assisti, a platéia tucana de um teatro que se incendiou suspirou com irritação maior que o ceticismo.O furo de reportagem Bergamo é de levar o leitor às lagrimas.Fernando Henrique aparece como um pai pródigo e generoso, que deu ao filho uma educação exemplar (no exterior).A jornalista, agora, virtuosa, toma a iniciativa de pedir à Globo para se afastar do pai de seu filho e ir trabalhar fora do país.A Globo, também altruísta, entende o drama por que passava a memorável repórter e a transfere para um posto de sacrifício: Barcelona.Coincidentemente, por essa mesma época, o ex-senador resolve se candidatar à Presidência e lá fica por oito anos.Quando, tomado pela afanosa tarefa de governar o país, não tinha tempo de reconhecer o Thomas.Passaram-se os anos, a Globo reconheceu o trabalho profícuo da infatigável jornalista e a deslocou para Londres e, agora, Madrid.Por vinte anos ela ocupa a tela da Globo com reportagens que o amigo navegante não será capaz de olvidar.Agora que o Farol de Alexandria começa a apagar, quando diminui a possibilidade de voltar ao poder, por conta própria, ou pela mão de pseudo-aliados, o pai reconhece o filho.É comovente.A mãe e o pai saem da história da Bergamo como se fossem a Maria e José numa versão pós-moderna.Os que saem mal da história da Bergamo são o Thomas e a D Ruth.A D Ruth, porque deveria saber o que todo mundo sabia, e dançou o minueto da dissimulação.E Thomas, porque teve a ousadia de nascer..Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
O filho bastardo de FHC e a imprensa
Nesta madrugada, o jornalista Ricardo Noblat em seu blog divulgou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vai, finalmente, assumir o filho que teve com a jornalista Míriam Dutra, da Rede Globo. Míriam e o filho bastardo de FHC vivem em Londres atualmente.
A notícia “bomba”, segundo Noblat, foi apurada pela jornalista Mônica Bergamo e estará em sua coluna na Folha de São Paulo deste domingo, 15.
E daí? Um presidente com filho ilegítimo, assumido apenas após a morte da esposa, não é nenhuma novidade. O que tem de bombástico nessa notícia?
O filho em questão, Tomás Dutra Schmidt, hoje com 18 anos, nasceu no dia 26 de setembro de 1991 em Brasília e foi registrado somente no nome de Míriam. Ruth Cardoso, falecida ano passado, sabia de tudo. Foi o próprio FHC quem lhe contou durante uma viagem a Nova York antes de ser candidato a presidente pela primeira vez.
E é neste ponto da história que está a bomba. A Rede Globo acobertou o caso. Mais: ajudou a abafá-lo também. Não é de hoje que leio e-mails sobre o assunto, com riqueza de detalhes, tal e qual os que estão na notícia redigida por Noblat, onde consta nomes de pessoas que faziam a “ponte” entre os dois, como o atual governador de São Paulo, José Serra.
Essa história nos remete à outra. Ao suposto aborto que Lula teria pedido a sua então namorada, Miriam Cordeiro – grávida da filha mais velha do presidente, Lurian – fizesse. O caso foi amplamente divulgado e explorado, não apenas pela Rede Globo mas, por toda a grande imprensa – o famoso PIG*.
Fica a pergunta: Se o filho ilegítimo fosse de outro candidato que não FHC e a jornalista fosse de outro veículo que não a Rede Globo, o caso teria sido divulgado? Teria sido usado eleitoralmente? Jamais saberemos. Mais uma das histórias de alcôva do poder no Brasil, que normalmente só aparecem nas memórias dos envolvidos, publicadas – de preferência – postumamente.
A única certeza é a incerteza sobre a vocação investigativa da imprensa brasileira. Afffff…
* Partido da Imprensa Golpista
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