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escolhas

a conjuntura mudou. gravemente. não fosse a gravidade da situação (estamos todos em risco, alguns mais que outros e, portanto, faz-se necessário unir forças) talvez eu permanecesse no conforto da independência partidária e longe das tretas do meu sindicato e do imobilismo da minha categoria profissional. mas a conjuntura mudou. e pela primeira vez deixou de ser confortável a independência e a distância. virou omissão, covardia. e deixou de fazer parte de mim. parafraseando Caetano, o Veloso, “eu não sou mais aquela guria”. então, fiz duas escolhas que já não esperava mais fazer no limiar dos 50 anos: aceitei a indicação para a Delegacia Regional Pelotas do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul e me filiei ao PSol.

sei lá se são boas novas, mas entrei setembro com os dois pés esquerdos _entenda.


quando não é possível viver…

… olho os outros vivendo. e fico feliz, por eles, pela possibilidade aproveitada, pela alegria percebida. compartilho dela, mesmo que pra mim não seja igual.

gato-espiando-alexis-pixabay

faz tempo que larguei as correntes pra lá, parei de arrastá-las. era muito peso mesmo, atrapalhava. inclusive, quando surgia uma possibilidade mixuruca de vida pra mim era impossível aproveitar com aquele peso todo. sim, sou mais inteligente que rancorosa.

mas quando as possibilidades escasseiam, como agora, vai amargurando. é inevitável. e vou espichando mais o olhar para a vida alheia. juro que não sugo energia de ninguém, nem sou invejosa. só lamento não ter um pedacinho daquilo tudo que vejo pra mim também. podia, né?

entenda. não sei bem como fiz todas as minhas escolhas, mas acho que escolhi errado em vários momentos. e tenho noção que sou também responsável por muito do que não tenho e não vivo hoje. mas acho que ou não tive uma visão completa do quadro ou realmente fui sacaneada ao fazer várias escolhas no escuro, tateando.

1989 foi o 1968 da minha geração. e está fechando 30 anos de vários momentos supimpas, decisivos da minha vida. e está impossível não lembrar, não repensar as cagadas, e também ressorrir com os acertos, com a impetuosidade, disposição, ousadia… eu fui muito feliz. vivi plenamente os meus 17 anos inteirinho, de cabo a rabo.

ultimamente tem sido mais espiar mesmo. e nos dias que virão lamentarei de novo não ter vivido esses aqui para ter o que lembrar desse tempo. é um círculo vicioso. enquanto a memória permitir, fico com aquele turbilhão do século passado.

de verdade? eu nem acreditava que ultrapassaria o século. achava que seria barrada na entrada, ou algo parecido. e de certa forma fui barrada. fiquei lá. fuén-fuén-fuééénnnnnnn…

resta a alegria do olhar, que é também triste… como a vida, no geral.