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Dia 19 — O livro de não ficção favorito
Em torno de 80% dos livros que li na vida foram não ficção. O problema é entre todos escolher o melhor, o favorito. Mas posso apontar um que marcou especialmente.
Como já disse, sou muito óbvia e isso está ficando cada dia mais evidente no meu gosto literário. São poucos os jornalistas que tem gosto pela leitura e escrita que não tem A Sangue Frio de Truman Capote em suas estantes e memórias.
Me refiro não só ao novo estilo literário inaugurado, mas ao estímulo que essa obra de Capote é a todos os jornalistas que sonham (mesmo que secretamente) em se tornarem escritores. Ele provou que é possível escrever um romance não ficcional, baseado em fatos reais — precisamente e minuciosamente baseado em fatos reais.
Em 1959 o casal Herb e Bonnie Clutter vivia com os dois filhos mais novos, Kenyon e Nancy, ainda adolescentes, na pequena cidade de Helcomb no interior do estado do Kansas, EUA. Os quatro foram amarrados e amordaçados (Herb também teve a garganta cortada) e mortos a tiros de espingarda.
A brutalidade do crime impressiou tanto Capote que ele imediatamente começou a tentar convencer a revista The New Yorker a lhe enviar ao local para cobrir o impacto do crime sobre a pequena cidade e sua população. Para investigar e colher as informações e depoimentos que precisaria, levou junto sua amiga de infância Harper Lee. Eles chegaram a cidade um mês após o crime.
Quando os assassinos são capturados, julgados e condenados à morte, Capote passou a visitá-los na prisão e o que começou como um artigo de revista transforma-se no projeto de um livro que consumiu cinco anos e meio da vida de Capote. Ele chegou a pagar um advogado de defesa para recorrer das acusações e manter os réus vivos apenas para continuar escrevendo sua história.
Richard Hickock e Perry Smith (os criminosos) foram enforcados em 14 de abril de 1965 e em setembro o quarto capítulo In Cold Blood (título original) foi publicado e fez a The New Yorker bater recorde de vendas. Só em janeiro de 1966 o romance foi publicado em formato de livro.
O resultado não é apenas a obra-prima de Capote mas um dos melhores livros que já li, que, além de criar um gênero de literatura inteiramente novo fez dele o mais famoso escritor dos Estados Unidos.
Só li A Sangue Frio depois de formada, bem no finalzinho do século passado. Me achava incapaz de escrever uma crônica e colocar meus sentimentos num texto ou de contar qualquer outra história de uma forma que emocionasse as pessoas. Me resumia a relatos, reportagens de fatos onde tentava me manter o mais invisível possível atrás das palavras. Foi Truman Capote quem começou a mudar isso em mim.
Baixe daqui A Sangue Frio em pdf.
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No desafio 30 livros em um mês a Renata do As Agruras e as Delícias de Ser, a Marília do Mulher Alternativa, a Grazi do Opiniões e Livros, a Mayara do Mayroses, a Cláudia do Nem Tão Óbvio Assim, a Juliana do Fina Flor, o Pádua Fernandes de O Palco e o Mundo, a Renata do Chopinho Feminino, a Júlia do Uma Noite Catherine Suspirou Borboletas e o Eduardo do Crônicas de Escola. E tem mais a Fabiana que posta em notas no seu perfil no Facebook.
A Luciana do Eu Sou a Graúna, a Tina do Pergunte ao Pixel e a Rita do Estrada Anil já terminaram o desafio.
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8 outubro, 2011 at 3:38 AMout
Nem sei porque ainda não li A Sangue Frio. Tem tudo preu gostar… mas não sei. Acho que a brutalidade do crime… o livro não é sobre isso, você conta muito bem e eu já sabia. Mas deve ser isso o que bloqueou. Lendo você, dá vontade de novo. Quando eu acabar os 362 que tão na fila…. ? E bem-vinda de volta, querida! Fique até o fim desta vez. Eu hoje retomo, também andei meio relapsa…
beijo. E assim que acabar a greve dos correios, temos correspondência em papel agendada. Aguarde carta de verdade!
8 outubro, 2011 at 3:38 AMout
O livro é sobre tudo que envolve o crime. Um “relato” (não estou diminuindo, óbvio) impressionante. Mas a brutalidade que chocou os EUA em 1959 sabemos que ocorria muito pior com os negros. Mas esse foi um crime sem motivação, contra brancos e praticado por brancos. Atualmente, infelizmente, vemos relatos bem menos competentes e muito mais sangrentos e cruéis todos os dias na televisão. Meio que banalizou, embora nunca banalize pra gente que insiste em se chocar.
Que bom que retomastes também. 🙂
Ai, ai, ai… As cartas! Tomara que seja depois do meme ou não vou dar conta mesmo. Beijo!
9 outubro, 2011 at 3:38 PMout
Bah, Nide, que vontade louca de comprar o livro e devorar. Esse desafio tá sendo ótimo pra conhecer dicas interessantes 🙂 Valeu
10 outubro, 2011 at 3:38 AMout
Também estou com uma lista imensa de livros para ler. Nem sei por onde vou começar. 😉
29 outubro, 2011 at 3:38 AMout
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