Adaptando para continuar

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Dia 18 — Um livro que ninguém esperaria que você gostasse
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Dia 18 — Um livro que é uma cidade
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Juro que tentei achar o livro que ninguém esperaria ou imaginaria que eu gostasse, mas foi tão difícil que nem eu consegui imaginar qual seria. Fiz pesquisa, perguntei, mas não adianta, sou óbvia demais e quando não gosto de algum livro sequer termino de lê-lo. Largo mesmo. Foi tão complicado que travei no desafio e fiquei sem postar desde o dia 20 de setembro.

Mas não há de ser nada. Encontrei a salvação na lista adaptada do Pádua Fernandes e vou substituir esse item e mais outros três.

O livro que é uma cidade é um lugar imaginário e saiu da mente surreal e genial de Gabriel García Márquez. Me refiro a Macondo, retratada no romance Cem Anos de Solidão e que foi meu primeiro contato com o realismo mágico (ou fantástico), estilo que García Márquez ajudou a difundir mundo afora. A história fala de revoluções e fantasmas, incesto, corrupção e loucura, tudo tratado com naturalidade como se fizesse parte da vida. E faz.

Macondo é uma cidade mítica e foi a cidade dos descendentes de seu fundador, José Arcadio Buendía, durante um século. Uma aldeia aparentemente pacata em que vivem trezentas pessoas. Buendía a construiu na sua juventude, quando com seus homens, mulheres, crianças e animais, atravessaram a serra procurando uma saída para conquistar o mar. Após vinte e seis meses de luta, desistiram e fundaram a fictícia Macondo no lugar onde José Arcadio Buendía havia sonhado com uma cidade em que as casas tinham paredes de espelho.

“Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo.”

Assim começa Cem Anos de Solidão e vai até o surgimento do telefone. E tem ainda verdadeiros absurdos como um comboio carregado de cadáveres, uma população que toda junta perde a memória, mulheres que se trancam por décadas numa casa escura e homens que arrastam atrás de si um cortejo de borboletas amarelas.

Macondo foi baseada na cidade da Aracataca, onde García Márquez viveu parte da sua infância. Era o nome de um bananal que se localizava nas imediações da cidade e no dialeto Bantu significa “banana”.

Cem Anos de Solidão é uma das obras fundamentais da literatura latino-americana moderna e a considerada a obra mais importante da língua espanhola depois de Don Quixote.

Em 1966, García Márquez teve o momento de inspiração para escrever este romance que já o atormentava há mais de uma década. Largou o emprego, deixou o sustento da casa e dos filhos a cargo da mulher Mercedes e isolou-se por dezoito meses, trabalhando diariamente por mais de oito horas. No ano seguinte, publicou Cem Anos de Solidão. Quinze anos depois, já mundialmente famoso, diante da Academia Sueca e de quatrocentos convidados durante a entrega do Nobel de Literatura em 1982, pronunciou o discurso “A Solidão da América Latina”, questionando os estereótipos com que os latino-americanos eram vistos na Europa e a falta de atenção dos países ricos ao continente.

Não é fácil ler García Márquez, principalmente Cem Anos de Solidão. É amor ou repulsa à primeira leitura. Eu, amei!

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Baixe daqui Cem Anos de Solidão em pdf.

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No desafio 30 livros em um mês a Renata do As Agruras e as Delícias de Ser, a Marília do Mulher Alternativa, a Grazi do Opiniões e Livros, a Mayara do Mayroses, a Cláudia do Nem Tão Óbvio Assim, a Juliana do Fina Flor, o Pádua Fernandes de O Palco e o Mundo, a Renata do Chopinho Feminino, a Júlia do Uma Noite Catherine Suspirou Borboletas e o Eduardo do Crônicas de Escola. E tem mais a Fabiana que posta em notas no seu perfil no Facebook.

A Luciana do Eu Sou a Graúna, a Tina do Pergunte ao Pixel e a Rita do Estrada Anil já terminaram o desafio.

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Sobre Niara de Oliveira

ardida como pimenta com limão! marginal, chaaaaaaata, comunista, libertária, biscate feminista, amante do cinema, "meio intelectual meio de esquerda", xavante, mãe do Calvin, gaúcha de Satolep, avulsa no mundo. Ver todos os artigos de Niara de Oliveira

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