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Porque nem sempre os finais são felizes

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Dia 27 — A história de amor favorita

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A mais fácil das escolhas desse meme. Quando olhei a lista de cara sabia que a história de amor favorita era (e é, e acho que sempre será)  O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez. Desculpem-me os fãs de Shakespeare, mas a história de Fermina e Florentino coloca no chinelo Romeu e Julieta, porque ao invés de morrerem jovens (adolescentes) e inconsequentes por amor, os personagens de García Márquez vivem, sobrevivem, por amor para se encontrarem, finalmente, ao final da vida. Porque se é para amar que seja para viver, para impulsionar a vida. Né?

Quando essa história ganhou uma versão para o cinema — que não lhe faz justiça, muito pelo contrário e nem o fato de Florentino ser interpretado por Javier Bardem (ah, o Bardem…) me empolgou, é sua pior atuação no cinema (na minha modesta opinião) — li uma crítica do Érico Borgo em que ele conta como foi apresentado ao livro. Disse Érico: Quando li pela primeira vez O Amor nos Tempos do Cólera, um amigo que me emprestou o romance avisou categórico: “Cem Anos de Solidão é incrível, mas o próprio Gabriel García Márquez disse que este é o livro que ele ‘escreveu com as entranhas'”. Se o colombiano prêmio Nobel de literatura realmente declarou isso ou não, não sei – e a história é boa demais para ser desmentida por uma eventual busca no Google. Gosto dela assim. De qualquer forma, o que falta ao filme que adapta o livro é justamente isso… “entranhas”. Certíssimo, ele! Gostei tanto dessa história e ela se encaixa tanto, parece tão verdadeira, que também não quero saber se é de fato verdade. García Márquez a escreveu com as entranhas, ponto.

Um amor sem regras ou barreiras entre dois jovens com suas cartas viscerais transbordantes de afeto, ambientado numa pequena cidade caribenha no final do século XIX e que resistiu à distância, aos preconceitos e à hipocrisia da sociedade em que viviam e ao tempo. Viveram separados durante toda a vida, sobreviveram é a expressão correta. Florentino jurou amor eterno a Fermina e mesmo quando ela se casou com Juvenal Urbino sua jura persistiu. Ele se relacionou com muitas mulheres durante a vida sem se envolver com nenhuma, enquanto construía uma fortuna pensando no dia em que poderia conquistar Fermina. Esse dia chegou só quando o marido dela morreu, mais de cinquenta anos depois do primeiro encontro.

García Márquez é um sedutor inveterado, pelo menos para leitoras como eu que se atraem pela dificuldade, pelo desafio. Quanto mais difícil e estranho o texto, mais o quero. Virei refém de García Márquez nessa história. Lembro até hoje do suspiro longo e profundo e meio infinito quando li as últimas frases de O Amor nos Tempos do Cólera:

– Está dizendo isso a sério? – perguntou.
– Desde que nasci – disse Florentino Ariza – não disse uma única coisa que não fosse a sério.
O comandante olhou Fermina Daza e viu em suas pestanas os primeiros lampejos de um orvalho de inverno. Depois olhou Florentino Ariza, seu domínio invencível, seu amor impávido, e se assustou com a suspeita tardia de que é a vida, mais que a morte, a que não tem limites.
– E até quando acredita o senhor que podemos continuar nesse ir e vir do caralho? – perguntou.
Florentino Ariza tinha a resposta preparada havia cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites.
– Toda a vida – disse.

Mesmo que Florentino e Fermina não terminassem a história juntos, essa ainda seria a minha história de amor favorita, porque na vida real, longe dos contos de fada, nem sempre os finais são felizes mesmo que o amor seja intenso e dure a vida toda.

Baixe daqui O Amor nos Tempos do Cólera em pdf.

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No desafio 30 livros em um mês a Renata do As Agruras e as Delícias de Ser, a Marília do Mulher Alternativa, a Grazi do Opiniões e Livros, a Mayara do Mayroses, a Cláudia do Nem Tão Óbvio Assim, a Juliana do Fina Flor, a Renata do Chopinho Feminino, a Júlia do Uma Noite Catherine Suspirou Borboletas e o Eduardo do Crônicas de Escola. E tem mais a Fabiana que posta em notas no seu perfil no Facebook.

A Luciana do Eu Sou a Graúna, a Tina do Pergunte ao Pixel, a Rita do Estrada Anil e o Pádua Fernandes de O Palco e o Mundo já terminaram o desafio.

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Adaptando para continuar

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Dia 18 — Um livro que ninguém esperaria que você gostasse
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Dia 18 — Um livro que é uma cidade
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Juro que tentei achar o livro que ninguém esperaria ou imaginaria que eu gostasse, mas foi tão difícil que nem eu consegui imaginar qual seria. Fiz pesquisa, perguntei, mas não adianta, sou óbvia demais e quando não gosto de algum livro sequer termino de lê-lo. Largo mesmo. Foi tão complicado que travei no desafio e fiquei sem postar desde o dia 20 de setembro.

Mas não há de ser nada. Encontrei a salvação na lista adaptada do Pádua Fernandes e vou substituir esse item e mais outros três.

O livro que é uma cidade é um lugar imaginário e saiu da mente surreal e genial de Gabriel García Márquez. Me refiro a Macondo, retratada no romance Cem Anos de Solidão e que foi meu primeiro contato com o realismo mágico (ou fantástico), estilo que García Márquez ajudou a difundir mundo afora. A história fala de revoluções e fantasmas, incesto, corrupção e loucura, tudo tratado com naturalidade como se fizesse parte da vida. E faz.

Macondo é uma cidade mítica e foi a cidade dos descendentes de seu fundador, José Arcadio Buendía, durante um século. Uma aldeia aparentemente pacata em que vivem trezentas pessoas. Buendía a construiu na sua juventude, quando com seus homens, mulheres, crianças e animais, atravessaram a serra procurando uma saída para conquistar o mar. Após vinte e seis meses de luta, desistiram e fundaram a fictícia Macondo no lugar onde José Arcadio Buendía havia sonhado com uma cidade em que as casas tinham paredes de espelho.

“Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo.”

Assim começa Cem Anos de Solidão e vai até o surgimento do telefone. E tem ainda verdadeiros absurdos como um comboio carregado de cadáveres, uma população que toda junta perde a memória, mulheres que se trancam por décadas numa casa escura e homens que arrastam atrás de si um cortejo de borboletas amarelas.

Macondo foi baseada na cidade da Aracataca, onde García Márquez viveu parte da sua infância. Era o nome de um bananal que se localizava nas imediações da cidade e no dialeto Bantu significa “banana”.

Cem Anos de Solidão é uma das obras fundamentais da literatura latino-americana moderna e a considerada a obra mais importante da língua espanhola depois de Don Quixote.

Em 1966, García Márquez teve o momento de inspiração para escrever este romance que já o atormentava há mais de uma década. Largou o emprego, deixou o sustento da casa e dos filhos a cargo da mulher Mercedes e isolou-se por dezoito meses, trabalhando diariamente por mais de oito horas. No ano seguinte, publicou Cem Anos de Solidão. Quinze anos depois, já mundialmente famoso, diante da Academia Sueca e de quatrocentos convidados durante a entrega do Nobel de Literatura em 1982, pronunciou o discurso “A Solidão da América Latina”, questionando os estereótipos com que os latino-americanos eram vistos na Europa e a falta de atenção dos países ricos ao continente.

Não é fácil ler García Márquez, principalmente Cem Anos de Solidão. É amor ou repulsa à primeira leitura. Eu, amei!

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Baixe daqui Cem Anos de Solidão em pdf.

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No desafio 30 livros em um mês a Renata do As Agruras e as Delícias de Ser, a Marília do Mulher Alternativa, a Grazi do Opiniões e Livros, a Mayara do Mayroses, a Cláudia do Nem Tão Óbvio Assim, a Juliana do Fina Flor, o Pádua Fernandes de O Palco e o Mundo, a Renata do Chopinho Feminino, a Júlia do Uma Noite Catherine Suspirou Borboletas e o Eduardo do Crônicas de Escola. E tem mais a Fabiana que posta em notas no seu perfil no Facebook.

A Luciana do Eu Sou a Graúna, a Tina do Pergunte ao Pixel e a Rita do Estrada Anil já terminaram o desafio.

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