Fotografias famosas do séc. XX
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Essa foto foi intitulada como “O Rebelde Desconhecido”. Mesma alcunha atribuída ao anônimo que se tornou internacionalmente conhecido ao ser gravado e fotografado em pé em frente a uma linha de tanques durante a revolta da Praça de Tiananmen (também conhecida como Praça da Paz Celestial), em 5 de junho de 1989 na China. A foto foi tirada por Jeff Widener, e na mesma noite foi capa de centenas de jornais, noticiários e revistas de todo mundo. O jovem se interpôs a duas linhas de tanques que tentavam avançar. Neste trecho do documentário “Nós que aqui estamos, por vós esperamos” de Marcelo Masagão, o rebelde chinês é identificado como “Chen Yat-sen (1932-1998), professor de Literatura e estudioso de Baudelaire”. Não há outra referência à sua identidade e nunca mais se soube notícias suas.
No ocidente as imagens foram apresentadas como um símbolo do movimento democrático chinês: um homem arriscando a vida para opor-se a um esquadrão militar. Na China, a imagem foi usada pelo governo como símbolo do “cuidado dos soldados do Exército Popular de Libertação para proteger o povo chinês: apesar das ordens de avançar, o condutor do tanque recusou-se a fazê-lo se isso implicava causar algum dano a um cidadão” – versão chinesa.
“Eu estava no quinto andar do Hotel Pequim. Consegui contrabandear minha câmera dentro de vasos chineses antigos com a ajuda de um estudante americano chamado Kirk, que estava hospedado no hotel. Esse estudante levou as imagens ainda no filme dentro da cueca de volta para o escritório da agência, de onde foram transmitidas para o mundo. (…) Quando vi a coluna de tanques achei que o solitário homem iria estragar a minha foto. Eu não estava conseguindo raciocinar direito porque estava muito gripado. Apenas alguns dias mais tarde, quando outros fotógrafos internacionais começaram a me cumprimentar pela foto foi que me dei conta da importância da imagem.” – declarou Widener, da Associated Press.
Junto com as imagens da queda do Muro de Berlim, a foto do homem solitário – que acreditava-se serem de um jovem estudante – enfrentando os tanques chineses foi um sopro de democracia e liberdade para o movimento estudantil e para os esquerdistas mundo afora, sempre constrangidos com os absurdos produzidos pela burocracia e ditaduras do chamado Leste Europeu. Não alterou absolutamente nada na China, mas influenciou o movimento estudantil no mundo todo.
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Nota pessoal:
No Brasil, nos referíamos a essa imagem como “a primavera de Pequim” e no primeiro encontro da juventude do PT realizado em Porto Alegre, em setembro de 89, usávamos uma faixa branca na cabeça com a palavra em chinês “basta” e logo abaixo em português “democracia e socialismo” em referência ao protesto solitário do rebelde chinês na Praça da Paz Celestial. Outros tempos, para mim, para o PT e para a juventude.
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25 fevereiro, 2010 at 3:38 PMfev
Ni,
pelo que sei, o cara era professor de Literatura na universidade. não lembro o nome, mas posso te confirmar depois.
😉
25 fevereiro, 2010 at 3:38 PMfev
Por favor. Confirma isso pra mim. Não existem registros disso em lugar algum. E na época lembro de comentarmos a respeito nas discussões do PT, e ninguém sabia nada.
28 fevereiro, 2010 at 3:38 PMfev
Ni, eu vi essa informação no filme do Marcelo Masagão, o NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS. agora já não acho a info em outro lugar…
5 março, 2010 at 3:38 AMmar
Não gosto de rótulos. Tampouco fico em cima do muro. Por isso não sou esquerda, direta ou centro. Mas peso sempre para seguir. Por isso 2X1 e não 1X0. Por isso sigo direita, esquerda e quem mais tiver algo importante a dizer. Porque espero sempre que 2X1 seja o resultado no jogo do bemXmal. Apoio quem quer o bem, seja através de bandeiras, piadas, discursos, reuniões ou um ato fulgaz.
Ás vezes o nosso egoísmo incontido – e até visceral, num puro gesto de sobrevivência – pode vendar os olhos para a grandiosidade de pessoas diferentes mas com um proposito em comum: viver e fazer viver melhor. E nesse momento, perde-se uma foto como essa se focarmos na ira de ter um homem atrapalhando o enquadramento dos tanques.
6 março, 2010 at 3:38 AMmar
[…] estamos, por vós esperamos . . O último post da série Fotografias famosas do séc. XX, O rebelde chinês contra os tanques, me provou (mais uma vez) que estamos sempre aprendendo e nunca saberemos tudo. Ao citar o rebelde […]
13 março, 2010 at 3:38 PMmar
Aprendi muito
3 novembro, 2012 at 3:38 AMnov
Pelo que é claro o jovem enfrentando os tanques estava se manifestando contra o regime ditatorial e totalitario comunista. Por que sugerir o contrário? E dizer que foi algo isolado cai-se em contradição pois ele como muitos estudantes estavam manifetando-se. E muitos forma mortos pelo governo chines comunista. Poxa, tem gente que gosta de se iludir para defender uma ideologia que não dá e não deu certo.