Crônica essencial

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Nesta sexta 22/01, Marcelo Rubens Paiva em sua coluna no Estadão, simplesmente arrebentou. Segue sua crônica:
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Direita Volver

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Marcelo Rubens Paiva
Pequenas Neuroses Contemporâneas / Blog no Estadão
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O ex-coronel Erasmo Dias, que morreu há duas semanas, não teve velório de um herói, nem foi homenageado por populares. Apenas alguns membros da família, que reclamaram da falta de reconhecimento.

Se ele dizia que cumpria ordens, quem as comandou não apareceu.

Anticomunista convicto, desempenhou o papel de salvar os valores da família e propriedade, que seriam “tolhidos” por aqueles terroristas jovens cabeludos e maconheiros, manipulados pela Internacional Comunista.

Era a sinopse da sua vida. Ajudou a implantar uma ditadura sanguinária que se mantinha não pelo debate, mas pelo terror, e declarava que era contra a tortura.

Em 1968, descarregou o revólver ao redor do ex-líder estudantil e amigo Luiz Travassos, preso no congresso clandestino da UNE em Ibiúna. Em 1969, no Vale do Ribeira, jogava numa cova os guerrilheiros da VPR presos e descarregava a automática ao redor.

Veroca no Congresso da UNE em Salvador, 1979

Perguntei-o uma vez se isso não era tortura. Teimoso, dizia que não.

O coronel tinha um mérito; se “mérito” é a palavra apropriada. Era dos poucos do regime que defendiam seus métodos e a forma equivocada e desproporcional da luta, como invadir uma universidade católica, a PUC, já durante a Abertura.

Tirou estudantes e professores das salas para colocá-los sentados no estacionamento em frente e reprimir a reunião que ocorria no TUCA, para a reconstrução da UNE. Gritava no estacionamento: “Onde está a Veroca! Eu quero a Veroca!”

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Sobre Niara de Oliveira

ardida como pimenta com limão! marginal, chaaaaaaata, comunista, libertária, biscate feminista, amante do cinema, "meio intelectual meio de esquerda", xavante, mãe do Calvin, gaúcha de Satolep, avulsa no mundo. Ver todos os artigos de Niara de Oliveira

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