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Dia 31 — Um livro que acendeu a luz na minha cachola (extra)
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Durante o desafio de escrever sobre trinta livros em um mês segui os itens propostos, ou pelo menos tentei, já que não fui eu que pensei a brincadeira. Acabei esquecendo um livro muito importante na minha vida, aquele que acendeu uma luz dentro da minha cachola. Sabe qual é, aquele livro, aquela ideia que te faz ver o mundo diferente, com outras cores e ritmo? Decidi escrever um post extra e criar um item específico para ele.
Só lembrei disso porque fui responder a uma pergunta desafiante do amigo Mirgon Kayser sobre qual livro tinha mudado a minha vida e só consegui pensar em dois: Don Quixote de Miguel de Cervantes, que mudou minha relação com os livros e com a literatura, e o Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels. Sim, só poderia ser. Foi o Manifesto Comunista que acendeu essa luz dentro da minha cachola quando tinha quinze anos de idade.
Costumo dizer que nasci comunista e a teoria do Marx apenas se encaixou ao que já pensava e a minha forma de ver o mundo. Passei anos me sentindo um pouco amordaçada e reprimida dentro do PT que sequer socialista se dizia. Embora eu participasse de correntes bem mais à esquerda que o próprio PT (sim, teve uma época que o PT foi esquerda), havia os PC’s que me impediam de me dizer comunista. Claro que estou falando apenas de nomenclatura, porque durante os dez anos em que estive no PT não tive motivos para me envergonhar do partido ou pelo menos dos meus companheiros mais próximos.
O Manifesto Comunista foi responsável por diminuir o meu incômodo com o mundo, não no sentido de me acomodar mas de entender de onde vinha tanta inquietação e porque a exclusão de pessoas segundo sua classe social ou sua raça me chamava a atenção já nas minhas primeiras relações sociais fora da família, no Jardim da Infância com apenas cinco anos.
Até ler o Manifesto Comunista, o sentido de me reunir com pessoas que pensassem parecido e que tivessem o objetivo de transformação era totalmente aleatório e intuitivo. Foram Marx e Engels que me indicaram a qual grupo eu pertencia, a direção e o caminho a percorrer. Tem como não amar?
“A história de toda as sociedades existentes até aqui é a história de lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma guerra ininterrupta, ora franca ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta.” (trecho do Manifesto Comunista, capítulo Burguesia e Proletariado)
Escrevi este post enquanto revia O Último Imperador, de Bernardo Bertolucci, e me percebo fisgada de novo com meu compromisso na luta pela libertação dos oprimidos, com luta da minha classe. E não há forma melhor de enxergar isso do que em meio à crítica, diante da distorção do manifesto de Marx e Engels, como foram todas as experiências do chamado “socialismo real”.
Baixe daqui o Manifesto Comunista em pdf.
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No desafio 30 livros continuam a Renata do As Agruras e as Delícias de Ser, a Marília do Mulher Alternativa, a Mayara do Mayroses, a Cláudia do Nem Tão Óbvio Assim, a Renata do Chopinho Feminino, a Júlia do Uma Noite Catherine Suspirou Borboletas e o Eduardo do Crônicas de Escola. E tem mais a Fabiana que posta em notas no seu perfil no Facebook.
A Luciana do Eu Sou a Graúna, a Tina do Pergunte ao Pixel, a Rita do Estrada Anil, o Pádua Fernandes de O Palco e o Mundo, a Grazi do Opiniões e Livros e a Juliana do Fina Flor já terminaram o desafio. Eu escrevi mais um post de maluca que sou, Rá!!!
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