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Luiz Cláudio Cunha foi absolvido

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Luiz Cláudio Cunha

O jornalista Luiz Cláudio Cunha foi absolvido no processo por dano moral, movido pelo ex-policial do Dops gaúcho João Augusto Rosa, o “Irno”. Rosa participou do sequestro de Lílian Celiberti, seus dois filhos e Universindo Díaz, acontecido em novembro de 1978 em Porto Alegre – caso relatado no livro “Operação Condor: sequestro dos uruguaios”, escrito por Cunha.

O ex-policial, que foi condenado em 1980 pela participação no sequestro, acabou absolvido em segunda instância por “falta de provas” em 1983. Lílian e Universindo estavam presos no Uruguai, onde a ditadura militar só terminou em 1985. O motivo da ação judicial era a suposta omissão no livro escrito por Cunha, da absolvição de “Irno”.

Lílian foi testemunha de defesa de Cunha, e reconheceu “Irno” na audiência em fevereiro, o que foi decisivo para o desfecho do processo. A juíza Cláudia Maria Hardt, da 18ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre, não aceitou o argumento de que a publicação do livro fere o direito à honra e à imagem do ex-agente da repressão política, absolvendo Cunha na última sexta-feira, 8 de julho.

A juíza entendeu que não houve abuso por parte do jornalista ao escrever o livro porque não há como negar que existiram abusos cometidos pelas autoridades instituídas durante o período do regime militar brasileiro.

Uma vitória a ser comemorada nesse ano de tantas derrotas para todos aqueles que lutaram contra a ditadura no Brasil e que ainda esperam ver a justiça acontecer.

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Nota: Li essa notícia na segunda-feira, no Cão Uivador. Infelizmente a vida anda tão corrida que só agora estou podendo dividi-la com quem ainda não soube.
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Mais de 30 anos depois, vítima da ditadura fica frente a frente com ex-policial do Dops gaúcho

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Professora uruguaia Lilian Celliberti, sequestrada na Capital em 1978, participou de audiência no Foro Central
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Rádio Guaíba, Porto Alegre
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Lilian Celiberti confirmou à juiza: "Sim, é ele mesmo!" (foto: Sérgio Valentin, Coletivo Catarse)

Mais de três décadas depois, a professora uruguaia Lilian Celliberti voltou a encontrar, nesta quinta-feira, o ex-policial do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) gaúcho João Augusto Rosa, em Porto Alegre. Ele foi condenado na década de 80 por ter seqüestrado Lilian, o marido Universindo Diaz e dois filhos dela, de três e sete anos, em novembro de 1978. O crime ocorreu em um apartamento na rua Botafogo, bairro Menino Deus, e foi tema do Livro “Operação Condor: sequestro dos uruguaios”, escrito pelo jornalista Luiz Claudio Cunha. A obra levou o ex-policial a processar Cunha, e, por isso, uma audiência reuniu o ex-agente do Dops, a uruguaia, e o autor do livro, na 18ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre.

Lilian, ao deixar o local, lamentou que o homem acusado de sequestrá-la processe quem tenta relembrar a repressão política. “Meu sentimento hoje é de lembrança de um fato que traumatizou meus filhos”, disse. Na audiência, ela testemunhou em defesa do jornalista. “Fico triste pela impunidade no Brasil em relação à ditadura e por não ter tido a oportunidade de acusar, ao invés de defender, nesta mesma cidade”.

Rosa sempre negou ter seqüestrado Lilian. Contudo, o jornalista Luiz Claudio Cunha, garante que foi até o o apartamento da rua Botafogo, na ocasião do sequestro, e teve uma arma apontada para sua cabeça pela mesma pessoa que agora tenta processá-lo. Na ação, o ex-policial exige uma retratação pelo suposto uso indevido de imagens e de expressões utilizadas no livro. “Ele diz que sou medíocre, fala que tenho focinho, mas isto é coisa de animal”, reclama. “Eu fiquei mais ofendido quando ele colocou um revólver na minha testa, por ter testemunhado um crime cometido por ele”, rebateu Cunha.

A juíza Maria Helena Soares decide nos próximos dias se dá ou não sentença favorável ao ex-agente da repressão política.

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Quer saber mais sobre o caso? Leia texto “O sequestrador mostra a sua cara“, de Leandro Fortes publicado anteontem sobre o julgamento.
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