Essa madrugada revi pela 479ª vez as cenas finais de “Diários de Motocicleta”, de Walter Salles. É claro que gosto do filme, não apenas por contar um pedaço menos conhecido da vida do Che, mas pela tamanha sensibilidade com que foi contada.
Perceber os momentos em que a lendária figura do guerrilheiro foi sendo talhada pelas injustiças sociais do continente é especial. Mas as cenas finais, a despedida do ainda “Fuser” do amigo Alberto Granado, a imagem atual de Granado na mesma base em Caracas (última cena do filme) de onde se despediu do amigo e que só reencontraria já como o Comandante Che, emocionam muito. Sobretudo as imagens – como que posadas para fotos – dos figurantes, tipos caracteristicamente latinoamericanos, sofridos, provavelmente muito parecidos com os vistos pelo jovem Ernesto e que marcaram sua alma, são para mim inquietantes. Falam diretamente à minha noção de identidade latina e de classe. Sensação de pertencimento, única.