Todo casal passa por crises. Até um não-casal-ogro. Eu e o Gilson passamos por momentos difíceis no último mês. Foi osso, uma barra mesmo. Nem sei se já foi, se já superamos. Tudo indica que sim, mas não gosto de antecipar soluções. Vida não tem receita, relacionamento menos. A gente vai vivendo e vendo no que dá, e faz reajustes onde é preciso, repensa o que é preciso, tenta olhar pelo ângulo do outro, muda de posição. Faz o que é possível.
Essa madrugada, de 14 para 15 de abril, completamos dois anos juntos. E eu decidi comemorar. Queria dizer a ele que foram os melhores anos da minha vida. Principalmente o último, desde que reunimos o que é a nossa família ogra e torta — nós + Calvin + Lalá. Para a comemoração pensei num jantar só nosso, já que todo dia é dia de #dinojantar e fazemos desse momento celebração para os quatro.
Queria num jantar regado a vinho e à luz de vela, com aromas e sabores, como ainda não tínhamos tido. Comprei uma peça de alcatra e deixei marinando desde domingo com sal, pimenta, azeite, cebola, pimentão + muito alho e muito alecrim (alecrim fresco faz toda a diferença num marinado, acreditem em mim). Coloquei para assar com todo o marinado, sem papel alumínio, em temperatura média. Quando a casa estava tomada pelo cheiro do assado, tirei a carne do marinado e recoloquei no forno para criar uma leve crosta, sem secar muito. Bati parte do marinado com uma maçã, meio copo de vinho e duas colheres de farinha no liquidificador para o molho — opcional.
Já tinha feito o molho pesto em casa, para o espaguete, porque não achei por aqui para comprar pronto (receita do molho pesto aqui) e na hora era só cozinhar a ‘pasta’. Para a salada pedi dicas para quem entende mais do que eu (Lu e Re) e me disseram: salada crua, crocante. Aceitei o conselho. Salada de alface, repolho roxo cru cortado fininho, cenoura e queijo canastra ralados e croutons (não tinha, então comprei torrada comum e quebrei três em pedacinhos pequenos) temperada com sal, azeite e molho de mostarda. Ficou tão delícia que poderia ser só ela o jantar, não fôssemos nós os ogros que somos.
Usei coisas que nunca uso no dia a dia por causa do #dinofilhote — toalha branca, taças, pratos especiais — e arrumei a mesa com carinho. Não achei velas para compor a mesa em OuCí, tive que improvisar… Comprei um copo grosso, uma vela de sete dias (sim!!!), sal grosso e umas ervas coloridas e cheirosas e montei o arranjo. Contando parece macumba, mas não era. Durante o jantar, ao som de jazz, revelei o motivo de tanto esmero. Renovar minhas intenções, dizer o quanto fui feliz com ele nesses dois anos e que pretendo continuar sendo por muito mais tempo ainda. Ele perguntou: Pra sempre? Respondi: Enquanto formos felizes. Tinha sobremesa (torta de maçã) na geladeira, mas nem sentimos falta.
Bebemos a última taça de vinho da noite ouvindo a nossa música, e entre sorrisos, beijos, tesão a certeza de que enfrentar as dificuldades e tristezas da vida é mais fácil nos braços um do outro.
Foi mais ou menos assim nosso jantar de dois…
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