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Um outro mundo é aqui!

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Começou às 17h de hoje, em Pelotas, o Fórum Social Expandido das Periferias, edição 2010. Organizado pela Uniperiferia e sediado no Comitê de Desenvolvimento Dunas (CDD) – que abriga entidades colaboradoras, como Ong Amiz e projeto Casa Brasil – e dispõe de um auditório com acesso à internet para os debates.
Mais de cinquenta pessoas trabalham voluntariamente para colocar o Fórum das Periferias na web em tempo real. Os debates acontecem sempre a partir das 14h e as inscrições são gratuitas. O público presente no auditório físico do CDD terá acesso a experiências de periferias de outros lugares do mundo, através dos debates virtuais, ao mesmo tempo em que o mundo terá acesso aos projetos desenvolvidos na periferia de Pelotas.
Os eixos temáticos que serão debatidos são Informação e Comunicação, Cultura e Arte, Segurança e Proteção, Ambiência e Urbanismo. Quer acompanhar os debates? Confira a programação e acesse o auditório virtual. O FSP acontece até sábado, 6 de fevereiro.
O Fórum das Periferias é um desdobramento do Fórum Social Mundial que já está em sua terceira edição e acontece no Loteamento Dunas, um dos locais mais pobres e violentos da periferia de Pelotas. O lugar certo para essa iniciativa e para os projetos desenvolvidos. Assista ao vídeo (feito no CDD por participantes do projeto Casa Brasil) e tenha uma ideia do trabalho feito no Loteamento Dunas, transformando a vida de pessoas agora, já, e provando que esse outro mundo não só é possível como ele acontece aqui, na periferia da minha cidade.
É a gLOCALização como resistência à globalização e ao capitalismo.
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Nota: Amanhã, entrevistas diretamente do FSP no Loteamento Dunas.
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Crise na Venezuela

Excelente e esclarecedora entrevista com o sociólogo Edgardo Lander sobre a crise da Venezuela e análise do chavismo. É difícil ficar apenas com a versão de bandido e candidato a ditador passada pela grande imprensa ou, em contrapartida, com o endeusamento de Hugo Chávez por setores da esquerda. A prudência indica: nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A entrevista está publicada no Outras Palavras.

O chavismo em seu curto-circuito

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O sociólogo Edgardo Lander examina, no Fórum Social Mundial, as causas da nova crise venezuelana. Para ele, a esquizofrenia do processo bolivariano está na origem das turbulências; e os próximos seis meses podem redefinir o futuro político do país
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Antonio Martins, Brunna Rosa e Rita Casaro
Outras Palavras
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Em Porto Alegre, no mesmo palco onde participou há pouco do seminário que avalia os dez primeiros anos do Fórum Social Mundial, o sociólogo venezuelano Edgardo Lander concede agora uma entrevista sobre a crise em seu país. Ao ouvir a pergunta, o corpo que sustenta este rosto tenso, de testa larga e pelos grisalhos, inquieta-se. Lander se remexe na poltrona, para ficar ereto; emite um suspiro e começa a descrever, com detalhes e nuances, o que quase nunca aparece na mídia. Nem a oficial, que vê em Chávez um demônio a ser exorcizado, nem a de certa esquerda, que quase sempre trata o presidente como anjo redentor.

“O processo político venezuelano continua marcado por uma profunda esquizofrenia”, pensa este professor da Universidade Central da Venezuela e membro do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (Clacso). “A mobilização social desencadeada desde a posse de Chávez despertou da apatia as maiorias. Elas sentem-se donas do país. Milhões de pessoas, antes submissas, querem opinar. E o fazem, nos Conselhos Comunais, Comitês de Água, ou espaços abertos para debater as políticas de Saúde e Educação.

“No entanto, a mobilização foi desencadeada pelo Estado e dele depende fortemente”, continua Lander, que também é um dos articuladores assíduos e inspirados dos Fóruns Sociais das Américas. Ele dá exemplos: “Os Conselhos Comunais, pedra de toque do novo processo político, costumavam encarar a sério todas as propostas de debate lançadas pelo presidente. Mas que fazer se, em meio a uma polêmica intensa, os integrantes de um Conselho ligam a tevê e vêem o presidente anunciar, garboso, que ya decidió a questão em que estavam mergulhados? Não é natural que se enxerguem como meros figurantes?”, pergunta o sociólogo.

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Contradições…

A foto acima é da marcha de abertura do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre anteontem, 25, foi registrada pelo amigo Pedalante e por ele enviada num e-mail. Um pouco antes de receber a foto ontem (26), fiquei sabendo pelo tuíter especial da Zero Hora de cobertura do FSM (@FSM_ZH) que houve “tentativas de abuso sexual” no Acampamento Internacional da Juventude. Retuitei. Logo depois, o perfil da Marcha Mundial das Mulheres (@marchamulheres) envia tuíte perguntando: “de novo? sempre acontece isso nos acampamentos =( ”

Um pouco mais tarde, o perfil @FSM_ZH relata que para encontrar um papel jogado no chão no mesmo Acampamento Internacional da Juventude, precisou andar mais de vinte minutos e destaca isso como sendo um “ótimo exemplo”. E é mesmo! Mas não é contraditório? Essa juventude, que incorporou um novo comportamento com relação ao planeta – que é uma preocupação ralativamente nova para a esquerda, ainda não assimilou um novo comportamento com relação às mulheres. Não é de se estranhar que mesmo com uma lei específica para coibir a violência contra a mulher, os casos só aumentem. É lamentável que essa juventude, dita de esquerda e revolucionária, não tenha com as mulheres os mesmos cuidados que tem com o planeta.

Quando é que as mulheres deixarão de serem vistas como coisas, como simples objeto do desejo masculino? E por que só li essa informação na chamada grande imprensa ou mídia burguesa – expressão mais frequente nos discursos da esquerda? Por que os jornalistas da chamada imprensa alternativa, de esquerda, da blogosfera, não fizeram a denúncia?

Como resposta a todas essas perguntas me aproprio do slogan da Marcha Mundial das Mulheres para dizer que “seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”. Esse “outro mundo” tão propagado pelo FSM, só será possível ser construído quando as mulheres forem livres, donas de seus corpos e sexualidade. A mudança começa no dia a dia, no comportamento de cada um.


Nota: Segundo as informações do repórter Paulo Germano (acampado) e repassadas ao @FSM_ZH, todos os envolvidos no caso foram expulsos do acampamento.


A luta pelo direito à memória e à verdade no FSM 2010

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Marco Weissheimer
RS Urgente
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Seminários, ato-show, exposição de fotos e teatro de rua marcam o Projeto Direito à Memória e à Verdade no Fórum Social Mundial 2010, quarta e quinta (27 e 28), em Porto Alegre e São Leopoldo. Os seminários “Sobreviventes: marcas das ditaduras nos direitos humanos” e “Impunidade: marcas das ditaduras nos direitos humanos” reunirão em Porto Alegre o secretário executivo do Arquivo Nacional da Memória, da Secretaria de Direitos Humanos da Argentina, Carlos Lafforgue, o diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, os jornalistas Bernardo Kucinski e Marcos Rolim, e Flávia Carlet, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

O Projeto Direito à Memória e à Verdade conta a história dos 21 anos da ditadura militar no Brasil. Criado em 2006, o projeto já esteve em quase 60 cidades do Brasil e de países do Cone Sul, alcançando mais de 2,5 milhões de pessoas, por meio de exposições fotográficas, debates e instalação de memoriais em homenagens a mortos e desaparecidos políticos, vítimas da ditadura militar brasileira. A exposição fotográfica inaugurada hoje (25) ficará aberta ao público até 25 de fevereiro na Usina do Gasômetro e na Estação São Leopoldo do Trensurb. É uma parceria da Fundação luterana de Diaconia, da Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (Alice) e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. (A programação completa do projeto no FSM)


O FSM e as nossas esperanças

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Começou hoje em Porto Alegre o Fórum Social Mundial 10 anos. Na verdade não é o décimo FSM – que teve sua primeira edição em 2001 -, mas é o início das atividades para a décima edição que será a mais longa da história. Por isso também o retorno a Porto Alegre e o seminário de avaliação (veja programação) das conquistas nesses nove anos na construção de um outro mundo.

Os avanços são inegáveis. Pessoas que não eram vistas e ouvidas, hoje fazem parte da agenda mundial de contestação à ordem vigente e de protesto contra injustiças. O FSM rompeu preconceitos, aproximou culturas e promoveu uma interatividade mundial nunca antes sonhada. Muitos dos excluídos de antes, hoje caminham juntos em defesa daqueles que ainda não tem acesso aos recursos disponíveis no mundo e nem mesmo ao próprio FSM.

marcha de abertura FSM 2010, Porto Alegre

Como disse hoje pela manhã, no seminário de abertura do Fórum, a uruguaia Lilian Celiberti, da Articulação Feminista Mercosul, “no FSM ainda há mais homens, mais brancos, mais heterossexuais. (…) Sou a favor do anti-imperialismo. Mas não basta. É preciso falar do anti-racismo, anti-patriarcalismo, anti-homofobia. (…) Dificuldade não está só no inimigo externo, mas nas práticas capitalistas que os próprios movimentos adotam no dia a dia”. E como Lilian mesmo lembrou em sua fala, “a diversidade se impôs” também no FSM.  E não poderia ser diferente. Num espaço criado para servir de fomentador da transformação da ordem mundial, da construção de um mundo justo e solidário, baseado na lógica humana e não do capital, surgem pequenos personagens que se destacam. Pessoas que tentam com o seu exemplo provar que outro mundo é possível.

Pedalantes por um mundo melhor


Estou falando de quatro adoráveis malucos, que decidiram ir pedalando até Porto Alegre para participar do FSM 2010. Dois deles partiram de São Paulo no dia 7 de janeiro, Antonio Lacerda Miotto (@pedalante, no Twitter) e Mathias Fingermann. No dia 11, em Joinville, se juntou ao grupo Giorgio Testoni e em Floripa, no dia 14, Victor Barreto completou o quarteto que chegou a Porto Alegre pedalando no último dia 22.

Giorgio, Antonio, Mathias e Victor (abaixado), no Alto Araçás em Floripa - foto: Edu Green

Mathias Fingermann e o hotdog vegano

Durante a viagem foram consumidos quase dez litros de água de coco, quatro litros e meio de caldo de cana, três melancias, além de muitos “X-mico” ou hotdog vegano (pão com banana). Diariamente cada um comeu pelo menos duas bananas. Esse foi o combustível extra para a viagem, dificultada pelas chuvas fortes e o vento sul que castigaram os ciclo-viajantes.

Antonio Miotto, o 'pedalante'

Segundo o pedalante Antonio Miotto – 43 anos, vegetariano e professor universitário -, o objetivo da viagem é inserir a discussão da bicicleta como meio de transporte no meio urbano. Essa discussão sobre mobilidade urbana se faz cada vez mais necessária quando as pessoas perdem cada vez mais tempo, presas no trânsito caótico das grandes cidades. Amanhã, 26, eles farão uma palestra no auditório da Secretaria Municipal de Esportes de Porto Alegre, às 19h30, promoção da Sociedade Audax e Poabikers.com.br.

Giorgio Testoni

Mathias Fingermann, 23 anos, é professor de educação infantil e não come carne vermelha. Victor Barreto, 39 anos, é analista de projetos sociais e também não come carne vermelha. Giorgio Testoni, 23 anos, é estudante universitário é o único onívoro do grupo.

Victor Barreto

Esses “malucos” são os mais certos entre nós. Mudaram suas vidas, seu jeito de viver e tentam socializar sua experiência com outras pessoas. Usando apenas uma bicicleta como arma, tentam mudar o mundo e nos enchem de esperança de que é mesmo possível construir uma alternativa para a humanidade. “Bora” fazer alguma coisa também?

As fotos são da galeria pedalfsm2010 e pedalfsm. Mais detalhes sobre as propostas do ciclo-turismo, mobilidade urbana e o início dessa aventura no blog Pedalante e no blog pedalfsm2010 (atualizado durante a viagem).