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Biscate de Luta e a Marcha das Vadias em Pelotas

Texto meu postado originalmente no Biscate Social Club

Não sou uma biscate qualquer.

A biscate que sou só eu poderia ser. Ou, a mulher que sou só eu poderia ser. Ou ainda, a pessoa que sou só eu poderia ser. Somos todos assim, construídos de pequenos detalhes, grandes diferenças, caminhos trilhados com dificuldade ou não, escolhas, dores, alegrias… Vida vivida.

Entre as minhas escolhas estão ser comunista — reconheço a que classe pertenço neste mundo capitalista, reconheço a opressão sofrida por esta classe, me rebelo, quero e luto para construir outro mundo, com outro sistema, sem classes e baseado na cooperação mútua tendo o ser humano como parâmetro — e feminista — reconheço meu gênero e todas suas implicações e opressão sofrida, e luto por um mundo antimachista, construído na parceria entre gêneros.

Para além de ser feminista, percebi que a opressão de gênero é um dos pilares de sustentação da opressão de classe e que essas duas opressões estão intimamente ligadas (a opressão de gênero e a normatização da sexualidade da mulher surge na História junto com a propriedade privada), uma não sobrevive sem a outra e talvez por isso seja tão difícil romper com as duas.

Nesse período do início de março é comum recebermos homenagens e flores e vermos a feminilidade ressaltada. Pois reafirmo, engrossando o coro de milhares de mulheres que lutam ao meu lado, o 8 de Março (leia aqui sobre a origem da data) é um dia de luta, de protesto e de reflexão. Dia de recusarmos as flores e falsas/frágeis homenagens e dizermos em alto e bom som: QUEREMOS É RESPEITO E UMA VIDA SEM VIOLÊNCIA!

Juntemo-nos às Marchas das Vadias e atos públicos desse 8 de Março nas cidades Brasil afora. Vamos às ruas fazer valer nossa autonomia e liberdade. Não há outro jeito. Nesse mundo, machista e capitalista, a biscate que eu sou é essa: rebelde, de luta!

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As mulheres de luta de Pelotas irão às ruas no próximo sábado na Marcha das Vadias, para dizer NÃO à violência contra a mulher. Concentração a partir das 11h, no Chafariz do Calçadão da Andrade Neves com Sete de Setembro. Faça o seu cartaz, vista-se da maneira que quiser e compareça.

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Outros Atos e Marchas referentes ao 8 de Março de 2012:

Brasília: 6 a 31/março — Diversas atividades do Fórum de Mulheres do DF.
Belém: 8/março — Caminhada, concentração em frente ao Tribunal de Contas às 9h.
São Paulo: 8/março — Ato e Passeata, concentração na Praça da Sé às 14h.
Recife: 8/março — Manifestação na Praça do Diário, às 15h.
Fortaleza: 8/março — Caminhada das Mulheres, concentração no Parque do Cocó às 16h.
Rio de Janeiro: 8/março — Manifestação, concentração no Largo da Carioca às 12h.
Belo Horizonte: 8/março — Ato e Passeata, concentração na Praça da Estação às 15h.
Natal: 10/março — Marcha das Vadias, concentração Ponte Negra atrás do Vilarte às 14h.
Vitória: 10/março — Ato das centrais sindicais na Assembleia Legislativa às 19h.
Campo Grande: 10/março — Marcha das Vadias, concentração Pça Rádio Clube às 8h30.

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Veja AQUI uma brincadeira, um editorial de moda (NOT) com as fotos que fiz na Marcha das Vadias de Brasília em junho de 2011.


O meu não-post pelo fim da violência contra a mulher

Não estou conseguindo escrever, produzir um texto novo sobre violência contra mulher. Justo eu, com mais de vinte anos de feminismo e de luta nessa trincheira… Mas estou com esse bloqueio tem uns dias, ele tem sido meio recorrente sempre que tem algo me chateando, incomodando.

Não sou uma máquina de produzir textos e mesmo que o assunto seja do meu inteiro domínio e tenha convocado os cinco dias de ativismo online e sentisse quase uma obrigação moral de escrever, todas as vezes que tentei senti como se estivesse me violentando. Não dá, desculpem-me!

Como sou a primeira a atear fogo nas pessoas para se mobilizarem e mesmo quando não é possível ir às ruas pelo menos inundarem as redes sociais com essas mobilizações, estou deixando minha justificativa pela falta de um texto com mais conteúdo e dados e postando as duas charges super bacanas do Carlos Latuff — sempre ele! — para a mobilização virtual pelo #FimDaViolenciaContraMulher.

Textos com muito conteúdo sobre o 25 de Novembro? O Blogueiras Feministas está repleto deles. Mulheres e homens se mobilizaram na blogagem coletiva organizada pelo BF e produziram textos excelentes.

Aproveito para postar também o clipe da campanha “Quem ama, abraça” pelo fim da violência contra mulher, para marcar os 30 anos da instituição do Dia Internacionacional pela Eliminação da Violência Contra Mulher pela ONU, e também para marcar os 20 anos da campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra as Mulheres, criada pelo Centro para a Liderança Global das Mulheres. Os 16 dias se estendem até o dia 10 de dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Até lá prometo escrever um post à altura dos desenhos e da realidade de violência sofrida pelas brasileiras.  😉

Clipe da campanha “Quem ama, abraça”:

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Onde você guarda o seu machismo?


De novo uma polêmica entre homens tidos como politicamente corretos e de esquerda versus as feministas (sempre elas!) para nos lembrar — a nós, feministas — que a nossa autonomia, respeito e liberdade será conquistada apenas por nós mesmas com, no máximo, o apoio solidário e/ou crítico (bem mais provável) de nossos companheiros e camaradas homens, e — a nós, esquerda — que ou abraçamos de verdade a luta emancipatória das mulheres como bandeira ou nunca teremos autonomia e emancipação de classe.

Rir de nós mesmos e de nossas contradições é saudável e nos ajuda a sobreviver neste mundo, mas concordar com desrespeito e o reforço dos estereótipos não é humor. E quem é quem tem a medida do preconceito? Quem determina até onde é humor e quando passa para desrespeito? São os brancos(as) quem têm a medida do racismo nas piadas racistas? São os héteros(as) quem têm a medida da homofobia nas piadas homofóbicas? São os homens que têm a medida do machismo nas piadas machistas? Não, óbvio. Quem sofre o preconceito, quem é discriminado é que está mais habilitado a delimitar o que é humor e até onde é possível rir de si e suas características. E é justo que seja assim.

É cômodo para os homens da chamada esquerda estarem ao lado das feministas nos casos recentes que envolveram o “humorista” Rafinha Bastos — amamentação e estupro –, uma vez que ele não é esquerda. No caso do Luis Nassif, idem, e quase todos os chamados “progressistas” (odeio esse termo, mas já que se auto denominam assim, vá lá) tentaram atenuar sua atitude no caso das “feminazi” e ficaram as feministas — na verdade apenas algumas delas como quase sempre — como as radicais, patrulheiras, as que enxovalham a honra de um homem respeitável por causa de um mero escorregão (ironia mode on). No caso do crítico de cinema Pablo Villaça, que rolou nesse final de semana, de novo são as feministas as radicais, chatas e sem senso de humor que não entendem uma piada “normal” e atacam o pobre homem que só estava brincando. Ô, dó!

O que vi acontecer foi de novo a reunião dos machos em torno do “companheiro” (termo usado aqui para explicitar a solidariedade masculina, entre gêneros) que caiu nas garras das demoníacas feministas que fizeram nada além do que evidenciar o que ele mesmo estava dizendo. Os tuítes do Pablo Villaça foram escritos por ele, ninguém o obrigou a raciocinar daquela forma e articular aquelas frases carregadas de machismo. De que adianta ele ter escrito textos antimachistas antes (dizem que escreveu, eu nunca li) se não aprendeu nada e a motivação para escrever tais textos não serviram para mudar seu comportamento? Mas o que realmente me preocupa é ver homens que se dizem esquerda embarcando no jogo de vítima do cara. Bastou chamar de feminista radical para ganhar razão, como se nós precisássemos ser de um determinado jeito ou nos comportarmos de maneira pré-aprovada pelos homens para termos algum tipo de respeito ou consideração por nossa luta.

Cabe a pergunta: Basta se dizer antimachista para ser? O que faz alguém ser antimachista, antihomofóbico e antirracista são suas atitudes cotidianas no combate ao que seria natural, a produção e a reprodução dos preconceitos existentes na sociedade em que estamos inseridos. É preciso, sim, autovigilância e quando esta falha sobra o papel de chato(a), de patrulheiro(a) do comportamento politicamente correto para nós que sofremos o preconceito e sabemos onde é que o calo aperta. E como esse calo aperta e dói! Ou basta se dizer de esquerda para estar a salvo da produção e reprodução dos preconceitos presentes na sociedade? Onde a esquerda guarda (guarda?) o seu machismo? Onde VOCÊ guarda o seu machismo?

A imensa diferença desse nosso tempo para dez, vinte anos atrás é que hoje as piadinhas ditas antigamente nos bares, nas conversas de corredor por fora dos discursos oficiais dos valorosos companheiros da esquerda, é a existência da web e suas redes sociais. Elas viraram os corredores e bares da atualidade e aquilo que é dito num tuíte não seria, obviamente, elaborado num texto (discurso) do blog ou publicado no artigo. E é aqui que a coisa pega, porque esses bares e corredores atuais reverberam, tem eco, e a palavra escrita tem um peso imensamente maior do que a falada. Um tuíte é capaz de revelar aquele teu preconceitosinho que estava escondido, abafado, lá no fundinho do teu ser. Detalhe: E mesmo que você decida apagá-lo depois que percebeu o escorregão, alguém pode tê-lo salvo e te lembrará dele para o resto da vida.

Cansada demais dessa esquerda torpe, machista, homofóbica, racista que vive se negando para poder continuar se dizendo esquerda. Não estou cansada das pessoas, mas do comportamento. Somos todos humanos e passíveis do erro. Aliás, dizem que a capacidade mais intrínseca do ser humano é o erro e o que nos diferencia (o que pode nos diferenciar) é o que fazemos com nossos erros. O erro maior do Pablo Villaça não foi a piada idiota que ele reproduziu, mas o que ele fez quando foi criticado por ela, quando o seu “escorregão” foi identificado e evidenciado.

E sabem por que é tão difícil perceber que o Pablo Villaça foi machista e sua reação foi abominável? Porque reconhecer isso é reconhecer o próprio machismo, reconhecer que achou graça na piadinha idiota e machista que ele divulgou e é se reconhecer também machista. “Ôpa! Eu, machista??? Nãããooo. Eu sou de esquerda!” — Oi?

Fica aí o conselho da Lola Aronovich :: “Todo mundo escorrega e é machista às vezes. Acontece. Mas se alguém te critica por isso, saiba ouvir. Reflita. Peça desculpas.” Seria muito mais producente para a luta da esquerda se pudéssemos parar de gastar tempo e energia em lembrar os nossos camaradas e companheiros que um dos pilares de sustentação da opressão de classe é a opressão de gênero. Seria mais producente também que os nossos camaradas e companheiros revertessem a energia que gastam tentando nos transformar nas vilãs das suas histórias e manifestações misóginas em autovigilância do próprio machismo.

Numa brincadeira carregada de ironia, a Carina Prates tuitou sobre “o feminismo ideal” (leia de baixo para cima):

E ainda acrescentou:

E ainda dizem que não temos humor…

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Estamos apenas começando

Blogagem coletiva do Blogueiras Feministas pelos cinco anos da Lei Maria da Penha

Ontem, 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completou cinco anos e o Blogueiras Feministas convocou para hoje uma blogagem coletiva sobre a lei, aplicação, funcionalidade, eficácia e a luta pelo fim da violência contra mulher.

Depois de mais de 25 anos da criação das delegacias especializadas para os crimes de gênero, sentíamos (nós, do movimento feminista) que faltava amparo legal para combater, prevenir e coibir a violência contra mulher. A Lei Maria da Penha veio para ser instrumento de punição mais rigorosa e exemplar aos agressores e assassinos de mulheres.

Mas assim como após a criação das delegacias sentimos que faltavam outros instrumentos e assim surgiram os albergues para mulheres vítimas de violência e em situação de risco de vida e a própria Lei Maria da Penha, após a criação da Lei e passados esses cinco anos de sua aplicação, sentimos que ainda falta muito para coibir, prevenir e combater a violência doméstica, de gênero.

Foram pensadas as Varas Crimimais de Violência Doméstica que geraram alguma polêmica no próprio movimento feminista, se fortaleceriam ou enfraqueceriam a Lei Maria da Penha. Mas o que tenho percebido (e é impressão mesmo, não tenho dados ou pesquisa que comprove isso) é que a Lei Maria da Penha aflorou o machismo do judiciário. Muitos juízes que antes até decidiam em favor das mulheres por opção ou convicção diante dos casos e na interpretação do código usado, passaram a questionar a Lei Maria da Penha como que numa rebelião jurídica por terem agora uma Lei que os obriga de certa forma a uma interpretação que antes consideravam um favor, uma concessão particular.

Se alguém souber de dados, reportagens com esse enfoque, colaborem informando. Faço depois uma correção no post com acréscimos e links. Estou escrevendo a partir de minhas impressões pessoais meio que como um desabafo de uma feminista após 20 anos de ativismo no combate à violência contra mulher.

Temos todos os veículos e recursos para atender as mulheres vítimas de violência em cada etapa desse triste e trágico processo, claro que em alguns lugares nem posto (etapa anterior à delegacia especializada) policial para mulheres temos, nem albergues (ou casa abrigo), nem funcionários da saúde treinados, nem Varas especializadas ou promotores(as) sensibilizados ou mesmo conhecimento da Lei que está completando cinco anos. Mas nos lugares onde temos todos os serviços possíveis e disponíveis, a violência continua.

Quero dizer com isso que não é pela falta da estrutura do Estado com serviços e recursos que a violência contra mulher perdura e se perpetua. O movimento feminista ficou anos à fio lutando e brigando para ter serviços de atendimento para cuidar e tratar das vítimas, no entanto não atingimos o objetivo de diminuir os índices de violência. O máximo que conseguimos foi aumentar o índice de denúncias, que continuamos estimando em apenas 40% da violência ocorrida. E detalhe: Nos últimos anos vimos novamente o número de feminicídios crescer assustadoramente, inclusive entre adolescentes e jovens.

Minha reflexão hoje é também uma auto crítica. Precisamos focar na prevenção à violência contra mulher, ou seja, no combate a sua causa: o machismo. Precisamos de uma educação antimachista, antissexista, numa cultura de paz e não violência. Creio que chegamos ao ponto mais pedregoso de nossa estrada e é como se estivéssemos apenas començando. À luta, gurias e gurizes. Como diria Beto Guedes: “vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois”.

Continue lendo a respeito:

Blogueiras Feministas

Como especialistas avaliam os cinco anos da Lei Maria da Penha

Dados sobre a Violência contra as Mulheres

Lei Maria da Penha citada como exemplo em relatório da ONU

Vídeo – Programa Profissão Repórter: Violência Doméstica: Parte 1 e Parte 2.

Entrevista – Maria da Penha avalia a aplicação da lei que leva o seu nome

Vídeo – Programa Conexão Repórter: Quando o medo dorme ao lado: Parte 1 – Parte 2 –Parte 3 e Parte 4

Reportagem – Maria da Penha, a mulher que sobreviveu à tentativa de assassinato pelo marido e virou nome de lei

Só para mulheres – O sujeito de direito sob proteção da Lei Maria da Penha é a mulher, discordando da abrangência para homossexuais homens. Texto de Debora Diniz

Notícia – Criada para mulheres, Lei Maria da Penha também ajuda homens. No Rio e no Rio Grande do Sul, juízes decidiram aplicar a lei para relações homossexuais. No Mato Grosso, homem conseguiu se proteger da ex-mulher.


Editorial de Moda (oi?) da Marcha das Vadias

Estou devendo este post há quase dois meses e antes que o assunto caia de moda…  (he – he – he)

Ao texto:

cartaz na Slut Walk São Paulo - 04062011 - foto do arquivo pessoal de Marjorie Rodrigues

Tudo começou em janeiro deste ano, em Toronto, durante uma palestra sobre segurança para a comunidade, um policial sugeriu que mulheres devem evitar se vestir como “piranhas” para não serem agredidas sexualmente. Ou como sluts, em inglês. A reação foi forte e generalizada, gerando a Slut Walk ou Marcha das Vadias, uma passeata defendendo o direito das mulheres de se vestirem como quiser e não serem atacadas por qualquer homem descontrolado nas ruas.

As Slut Walks se espalharam pelo mundo. No Brasil elas aconteceram nas principais capitais e neste post das Blogueiras Feministas tem o registro do protesto em São Paulo. Tive a sorte de estar em Brasília quando a capital federal realizou a sua Slut Walk e aí…, vocês sabem, ativista comunista feminista marchando em meio a outras ativistas comunistas (algumas nem tanto ou nada comunistas) feministas, acabou que algo me chamou muito a atenção. E não foram os cartazes ótimos e nem as palavras de ordem e nem o fato da marcha acontecer com o sol à pino e de vez em quando o pessoal parar de marchar para ficar gritando e pulando. Foi justamente o que ninguém esperaria de uma ativista comunista feminista: os modelitos Slut Walk.

Então, quem esperava um artigo feminista, essa é a hora de correr em direção a montanha mais próxima ou mudarem de canal, digo, de página. Sim, senhoras e senhores, este será um editorial de moda da Marcha das Vadias. Preparados? Ironia mode on? Voilà!

sou uma vadia livre, modernérrima com meu óculos moscona e sou linda (né, não?)

exigimos respeito! somos magros, nós podemos. morrão de inveja!

abram alas para minha lata de coca cola, minha meia arrastão, minha bota e meu sorriso desfilando na sua cara!

eu e meu estilo coroa bem resolvida laranja de ser... eu posso!

sou vadia, uso burca (e daí) e minha filhinha é caipira... somos fofas!

me visto pra mim, não pra você (ok, nós já entendemos!)

sou linda e estou abafando com meu shortinho, saltão vermelho e minha cadelinha... o.O

sou minha só minha e não de quem quiser, entenderam?

olhem como sou despojada no meu vestidinho tomara-que-caia baloné-retrô-demodê-anos80 xadrez, faixa e sapatilha!

punk? underground? roqueira? tô nem aí, sou uma vadia estilosa e tô marchando!

pedaço de carne é o karalho e deixa eu tuitar isso pro mundo...

eu uso saia jeans colada, top de couro e meia arrastão, mostro meu umbigo e não me estupre!

Jesus Loves Sluts (uau!), mas apenas as tatuadas de sainha estampada e bota

as repousantes ondas azuis do meu vestido-bata para marear meu ratinho, digo, meu cãozinho e disfarçar minha dondoquice

feminista raivosa... (medaaaaa) depois chamam de feminazi e ficam brabas...

sou santa, sou puta, sou livre... oi?

somos chiques e legais com nosso multiculturalismo e roupas coloridas... ouié!

estou super simples mas atentem pro meu sapatinho vermelho style

vadia, sim, mas contemporânea, descolada e cosmopolita!

E para terminar, a Madrasta do Texto Ruim…

vadia e bruxa de 'cathiguria', chique no melhor estilo eu-tô-arrasando-além-do-ideológico, pobralhada, com minha bolsa falsificação legítima (tô bege até agora)

Queriam um editorial de moda pra valer? Não deu, né? Ainda mais que não teve um mísero e simples vermelhinho combativo (minha opção marxista subversiva para substituir o indefectível pretinho básico). Conseguem imaginar que em meio a tantas vadias nenhuma tenha escolhido um vestido vermelho? Affff…

ps: Cês acham que já posso pleitear uma vaga como jornalista de moda? Melhor não, né? Tá.

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Fotos by Niara de Oliveira com a câmera da Amanda Vieira.

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Ano novo, lutas velhas!

Anteontem li alguém dizendo que ano novo é uma mera definição de calendário. Apesar de todo simbolismo, é apenas um dia depois do outro com uma noite no meio. O ano pode ser novo, a década também, mas as lutas são velhas. Algumas muito mais velhas que eu (acredite se quiser!!! <—- ainda sob impacto da crise provocada pelo último aniversário).
Tanto assim que a revoltada aqui segue se debatendo em embates (bem chatos) sobre feminismo, a esquerda, a grande imprensa, a posse da primeira mulher presidente (presidentA) no Brasil, ódio de classe, hipocrisia sobre aborto, preconceitos em geral e discriminações para todos os gostos.
Confesso estar bem cansada de fingir que acredito no feminismo dos meus camaradas da esquerda, e no último embate pelo menos consegui derrubar uma máscara (viva!). Homem feminista (sic) dizendo “é uma questão de estratégia política – é mais ‘inteligente’ unir forças e derrotar o inimigo comum para depois brigar entre si“, afirmando que o machismo da direita e da grande imprensa é mais nocivo, maior e pior que o machismo da esquerda, é a mais nova versão para o velho chavão da esquerda “primeiro libertaremos os trabalhadores da opressão de classe e depois uniremos forças para libertarmos as mulheres da sua opressão específica”. Primeiro a macro política (leia-se política de homem, importante), depois as lutas menores, específicas (leia-se política de mulheres, negros, jovens, deficientes, ambientalistas…) Conhecemos bem essa balela. Conversa para boi dormir (ou enganar a vaca).
A história já provou que [1] a luta das mulheres é prioritária porque a opressão de gênero é o pilar fundamental de sustentação do capitalismo e da opressão de classe, não à toa surgiu junto com a ‘invenção’ da propriedade privada, e [2] nas experiências de ruptura do capitalismo e tentativas de derrotar a opressão de classe, a luta pela libertação das mulheres ficou em segundo plano, não por ser secundária mas porque assim foi determinado pelos líderes camaradas homens das tais revoluções socialistas que nunca cumpriram suas promessas de depois dar atenção a nossa causa e opressão.

Novas Perspectivas – “Em Leipzig, na antiga Alemanha Oriental, surgem indícios que apontam um novo caminho para a sociedade. Nada de capitalismo ou socialismo, senhoras e senhores. O futuro é isso aí.” 28/09/2010. Do blog Memórias do muro, da jornalista Ariane Mondo

Quantos embates mais teremos que travar para provar que não há socialismo nem liberdade sem feminismo? Poxa! Se não aprenderam com as experiências históricas, vão aprender como, quando? Cansa ficar repetindo os mesmos chavões ano após ano. E quando, de tempos em tempos, temos alguma vitória, somos obrigadas a travar uma luta extra de manutenção dessa conquista ou retrocedemos (vide caso da violência contra mulher e feminicídios).
Quem decide qual luta deve ser priorizada, trincheira ocupada ou inimigo a ser combatido primeiro, somos nós mesmas. Não precisamos de orientação nem de comando. Alguém ousa ficar ditando regra ao MST, movimento negro, ambientalista, LGBTs? A esquerda não ousa orientar ou comandar nem mesmo o movimento estudantil, composto em sua amplíssima maioria por jovens e que muitas vezes repetem erros já vividos por militantes mais experientes. Sua autonomia é respeitada e assim está correto.
Ao movimento feminista tem sempre um homem (vide participações e comentários em blogs feministas) dizendo que estamos sendo radicais, que se formos por ali ou por aqui perderemos apoio à nossa causa ou espantaremos apoiadores e tentando nos dizer qual linha do feminismo e/ou pensadora feminista é a mais certa. Oi? Um sincero “VTNC” aos homens pseudo feministas sabichões de plantão. Vão cuidar de suas vidas e suas lutas. Do movimento feminista cuidamos nós, mulheres feministas. Respeitem nossa autonomia e escolhas e nos apóiem como fazem com os demais movimentos. Ou nossa luta não é justa?
Nosso inimigo é um só, o machismo. Seja machismo de direita, esquerda, de homens, mulheres, gays, jovens, negros, na grande imprensa ou blogosfera ou na sociedade como um todo, será combatido da mesma forma e no tempo que surgirem.
As lutas travadas hoje são velhas, seculares, assim como é velha a minha revolta e indignação. Mas um ano e uma década novinhos em folha renovam forças e disposição para lutar e para os “novos” embates. Que venham os machistas todos. Minhas mangas estão arregaçadas e meus punhos erguidos.
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Pronto, desabafei!
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Podem me chamar de barraqueira, não vou contemporizar

Sobre as feministas más e as de ‘bom termo’ e a tentativa de nos dividir

Pensei muito antes de escrever sobre essa polêmica das ‘feminazis’, mas não acho correto me omitir vendo outras feministas de posicionamento muito semelhante ao meu sendo atacadas covardemente por blogueiros machistas que fingem apoiar a nossa luta. Pensei, não ponderei e vai na forma de desabafo mesmo. No final tem a lista de textos já publicados sobre o assunto.

Quando me formei jornalista, minha monografia de conclusão da graduação versava sobre opressão de classe sofrida pelos jornalistas. Existe no marxismo (vou simplificar para que qualquer um/a entenda) a citação de um fenômeno chamado de reificação, que trata da opressão de classe sofrida e negada/ignorada por determinadas categorias que supostamente já tenham atingido a consciência de classe. O fenômeno da reificação é mais facilmente observado entre profissionais liberais (advogados, médicos, jornalistas, músicos, etc.), que por não serem assalariados e/ou receberem remuneração um pouco mais condizente com o esforço diário empregado no trabalho, se acham livres da exploração, mais valia, etc., e por consequência, livres da opressão de classe.

Mas por que estou falando em reificação e opressão de classe quando o assunto é a polêmica com as feministas? Simples. A reificação pode ser observada também na consciência de gênero entre as feministas. Algumas de nós já militam há tanto tempo e estão tão escoladas no machismo e principalmente no machismo da esquerda (muito mais cruel e perverso), que se acham livres da opressão de gênero. Se acostumaram a ‘dar pinotes’ para não se deixar oprimir que já não percebem mais quando veem um cabresto (desculpem-me, mas é esse mesmo o termo) adornado por flores.

A polêmica sobre as ‘feminazis’ – termo que se refere à mulheres sexistas que pensam em “exterminar” os homens (oi?) – começou com a publicação de um comentário pelo Luis Nassif em seu portal. Ele disse que publicou por desatenção, mas não apenas não excluiu o comentário como o transformou em post, debochou das feministas que reclamaram, ofendeu e quando finalmente foi pedir desculpas, reforçou seu ataque. Não tenho dúvidas sobre o entendimento do Nassif quanto ao termo ‘feminazi’, já que ao se desculpar ele cita “feministas de bom termo” (criando clara e intencionalmente um cisão) como seu oposto. Ou seja, para o Nassif e para todos aqueles que estão se sentindo incomodados com essa discussão, ‘feminazi’ virou sinônimo de feminista radical.

Os chamados blogueiros progressistas estavam todos inquietos, vendo Nassif ser criticado implacavelmente por todas as feministas e muitos outros homens solidários à nossa luta. Tentavam contemporizar, mas não conseguiam defendê-lo abertamente e Nassif, do alto de sua arrogância, não admitia o erro e nem se desculpava. Eis que surge o Idelber Avelar escrevendo sobre a busca do feminismo dócil e dá aos amigos de Nassif os argumentos para defendê-lo. Imediatamente surge a cavalaria de Nassif capitaneada por Rodrigo Vianna e Eduardo Guimarães atacando Idelber e mudando o foco da polêmica para o encontro dos blogueiros progressistas, e clamando pela re-união de todos deixando para lá questões menores como essa das feministas (interpretação muito radical dessa feminista tresloucada aqui). Nassif – o magnânimo – imediatamente liga para alguém mandando avisar via tuíter que ainda essa semana chamará a Marcha Mundial de Mulheres (feministas de bom termo?) para conversar e abrirá espaço em seu portal (esse é o cabresto adornado por flores).

A tática de guerra mais antiga do mundo: dividir para conquistar. Isola-se as feministas radicais e chama-se as de bom termo oferecendo generosamente um espaço numa vitrina. As feministas de verdade, as que fazem o certo apoiando os valorosos homens, blogueiros progressistas, guerreiros e cavaleiros da liberdade serão ouvidas e respeitadas. As barraqueiras histéricas e insensatas, bruxas más e divicionistas da esquerda como a Lola Aronovich, Cynthia Semíramis, eu e mais meia dúzia ficaremos berrando e esperneando até cansarmos e em breve alguém nos dirá: Chega de “mimimi”. Não acho correto o que estão fazendo e fico muito surpresa em ver mulheres contemporizando e defendendo esses absurdos. A pergunta que não quer calar: A quem interessa dividir as feministas?

Podem me chamar de feminazi, barraqueira, divisionista e mais o que for. Não vou me calar diante desses machos retrógrados (progressista é um apelido de mau gosto) e blogueiros tubarões. Se dizem imprensa alternativa, mas se comportam como a grande imprensa.  Espero sinceramente que as feministas de ‘bom termo’ – assim chamadas por Nassif  em seu pedido de desculpas (sic) – tenham claro tudo isso na hora em que forem chamadas à ‘vitrina do bom senso’. E lembrem-se que nenhum desses progressistas deu espaço à campanha pelo fim da violência contra mulher, com exceção do Azenha (embora a postagem tenha sido da Conceição Oliveira).

Meu nome é resistência, leia-se mulher!

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Nota: Desculpem-me por tantos chavões, mas ao afirmar posições eles são inevitáveis.

Nota 2: O foco principal do assunto continua sendo o machismo finalmente aflorado de um dos maiores blogueiros do país.

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Segue a lista de alguns dos principais textos publicados na blogosfera sobre o assunto:

Feminazi: ignorância a serviço do conservadorismo – Cynthia Semíramis

Como falar bobagens e ser publicado num blog famoso – Lola Aronovich

Progressistas, progressistas,mulheres a parte – Marília Moschkovich

A agressividade como ferramenta de auto-afirmação – Lola Aronovich

“Socorro! Não sou machista, mas as feminazis mal-comidas estão me patrulhando” – Alex Castro

A quem interessa comparar feministas a nazistas? – Srta. Bia

Blogosfera progressista, feminismo e polêmicas – Conceição Oliveira

A nova blogosfera e o episódio com as feministas – Luis Nassif

Nassif pede desculpas às feministas de bom nível – Lola Aronovich

A busca incansável por um feminismo dócil, ou, não é de você que devemos falar – Idelber Avelar

Nassif e a esquerda que a direita gosta – Rodrigo Vianna

A quem interessa desagregar a blogosfera – Eduardo Guimarães

Algumas reflexões sobre a “blogosfera progressista” – Hugo Albuquerque

Sobre o debate Nassif, feminazis, Idelber e blogs progressistas – Rogério Tomaz Jr.

Feminismo não é partido! – Danilo R. Marques

Pelo direito de ser braba – Bete Davis

Discussão sobre feminismo: a esquerda e suas divergências – Cris Rodrigues

Os Blogueiros Progressistas, teorias da conspiração e Feminazis: Da “docilidade” à estupidez – Raphael Tsavkko

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Vida de ativista ou sobre como a violência de gênero me atinge

Meu momento MiMiMi ao final dos 5 dias de ativismo online pelo #FimDaViolenciaContraMulher
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Vida de ativista parece fácil, né? Afinal, como dizia a minha avó Carolina, quem corre por gosto não cansa. Na teoria. Na prática, cansa e muito.
Sou meio revoltada assim desde sempre. No jardim de infância da escola paroquial onde estudei até a 4ª série, já protestava contra a exclusão de duas colegas negras e mais pobres que os demais do grupo da merenda. Naquela época a escola não era obrigada a oferecer merenda e cada um levava a sua. Essas duas nunca levavam. E eu, para tentar incluí-las, levava merenda para três e dividia. Protestei também contra a obrigatoriedade de cantar o hino nacional em fila nas segundas-feiras e ainda beijei um coleguinha no rosto em pleno recreio. Isso em 1977, aos cinco anos de idade. Não é à toa que sempre me senti um E.T. neste mundo, meio fora de esquadro e compasso. Fato é que nunca consegui assistir calada uma injustiça e sempre fiz o que me “deu na telha”.
Me assumo comunista desde os 15 anos e feminista desde os 20. Desde que minha consciência de gênero aflorou – ou foi forjada na opressão e discriminação da militância no PT e no movimento estudantil – o mundo ganhou algumas cores e perdeu outras. Na utopia de sonhar com o impossível fui tentando fazer o possível para suportar o dia a dia. Mais ou menos como diz o Belchior naquela canção, “a minha alucinação é suportar o dia a dia e meu delírio é a experiência com coisas reais”.
Para quem não sabe, o meu filhote dinossauro (forma carinhosa como sempre me refiro a ele no tuíter) é um quase autista de 14 anos, portador da Síndrome de Lennox-Gastaut. Ele não articula a fala e é praticamente um bebezão no corpo de um adolescente. Eu o crio sozinha, com a ajuda da minha família – ajuda que muitas vezes me sai cara demais – e confesso estar muito cansada. Desde a gravidez já foram três crises de depressão profunda, cada uma mais longa que a anterior. Nunca alimentei sonhos com a maternidade e até eu me surpreendo comigo enquanto “mãe”. Minha jornada é tripla, às vezes quádrupla. Durmo em média quatro horas por dia, trabalho fora, cuido do Calvin e da casa e ainda tento arrumar tempo para blogar, tuitar – minha diversão e ativismo no momento. Não sobra tempo pra mim.
Hoje, enquanto participava da entrevista na Radiocom com a Cíntia Barenho – companheira muito querida nesta jornada dos 5 dias de ativismo online pelo fim da violência contra a mulher, que tive o prazer de conhecer pessoalmente –, e falávamos das diversas formas de violência de gênero, me dei conta que enquanto falava lutava contra o meu cansaço físico e dores pelo corpo para estar ali. Não eram nem 10h. Me senti violentada. Esse mundo capitalista e machista me violenta todos os dias na falta de estrutura e de condições básicas para a minha existência. Me sinto tão pouco cidadã que exercer meu ativismo soa quase ridículo. Fico apontando a falta de estrutura do Estado para combater e prevenir a violência contra as mulheres e ainda não consegui apontar a falta de estrutura do Estado com a chamada educação especial (eu definiria como educação diferenciada) porque me parece que legislar em causa própria é muito imediatista e egoísta. Mas o fato é que este Estado e este governo não garantem ao meu filho nem educação e nem saúde públicas de qualidade e com isso me violenta duplamente.
Cheguei em casa exausta hoje. Duas entrevistas, muito trabalho chato e o Calvin carente da minha presença com crises de ciúme do computador, sem me deixar continuar meu ativismo online pelo fim da violência contra as outras mulheres.
Ai, ai, Complexo de Cinderela batendo na porta mais uma vez… Vida de ativista é assim mesmo. Não é?

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Sobre os femicídios


Femicídio é a classificação dada pelo movimento feminista para o assassinato sexista de mulheres. Explicando melhor. Não é femicídio quando uma bala perdida atinge uma mulher durante tiroteio entre polícia e bandidos numa favela ou quando uma mulher morre numa colisão de trânsito. Uma mulher morreu (lamentamos), mas o crime não teve motivação sexista. É isso que classifica o femicídio: motivação sexista, de posse.
Quando vi essa charge do Latuff ontem, no final da tarde – que ele fez especificamente para a nossa campanha dos 5 dias de ativismo online -, me pareceu perfeita para o que o femicídio representa. Quando uma mulher é assassinada por motivação sexista e o assassino é identificado, todos se apressam para chamar de monstro (vide goleiro Bruno, Pimenta Neves e tantos outros). Mas não nos esqueçamos que eles não apenas não foram coibidos em seus instintos mais primitivos de posse e crueldade com relação às mulheres, como alguns são incentivados.
A verdade é que essas mulheres, vítimas de femicídio, pressentiram o perigo. Todas elas pressentem e denunciam, pedem socorro e proteção. Umas para a polícia, outras judicialmente e outras apenas para seus familiares. E ninguém dá ouvido. Todos pensam mais ou menos assim: “Te envolveste com este canalha porque quiseste. Agora, aguente as consequências”. É esse pré-julgamento que todas as mulheres enfrentam quando pedem socorro ao se sentirem ameaçadas. Para os familiares que pensaram assim e viram suas mães, filhas, irmãs, netas serem assassinadas fica a culpa por não terem dado ouvidos aos seus reclames. Mas polícia e justiça se eximem de qualquer culpa ou responsabilidade.
É óbvio que o femicista tem que ser responsabilizado e punido exemplarmente, mas quando um femicído acontece toda a sociedade é responsável e culpada. Elisa Samúdio não apenas teve suas queixas e denúncias ignoradas como continua a ser responsabilizada pela sua morte – sim, não tenho dúvidas de que ela está morta. Até quando permitiremos isso? Quantas Elisas, Mércias, Eloás, Marias Islaines, Elianes mais terão que morrer até darmos um basta neste absurdo?
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#FimDaViolenciaContraMulher
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Feministas em ativismo online pelo fim da violência contra a mulher

De 20 a 25 de novembro em todas as redes sociais da web


Dia 25 de novembro é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Para marcar a data, um grupo de feministas blogueiras-tuiteiras-interneteiras, inspiradas nos 16 dias de ativismo, está propondo cinco dias de ativismo online pelo fim da violência contra a mulher, de 20 a 25 de novembro.

Durante esse período pautaremos nossos blogues (adaptando ao tema central de cada um), e nossa intervenção em todas as redes sociais que participamos, pela violência de gênero e formas de prevenção e combate.

Nos blogues produziremos artigos, crônicas, matérias inéditas sobre a violência contra a mulher e suas causas/consequências e faremos entrevistas com feministas, juizas, promotoras, advogadas, delegadas, ativistas de ongs e profissionais de serviços de atendimento/prevenção.

No twitter faremos entrevistas coletivas e colaborativas com mulheres destacadas e com visibilidade (Glória Perez, Nilcéa Freire, Maria da Penha, Marta Suplicy e outras parlamentares da bancada feminista no Congresso) além de tuitarmos e retuitarmos periódica e intensivamente notícias, posts, dados de pesquisas e curiosidades sempre acompanhadas da hastag #FimDaViolenciaContraMulher (que já está sendo usado à pleno vapor). Algumas dessas entrevistas serão via twitcam.

No Facebook postaremos depoimentos de vítimas e notícias da grande imprensa de casos de violência – novos e antigos -, além de imagens, músicas, poesias, textos sobre o tema. Nosso grupo lá se chama “Feministas e feminismo em ativismo digital“.

No orkut manteremos uma comunidade para debater o assunto, postando imagens e atualizando nossos perfis para “feministas em ativismo online pelo fim da violência contra a mulher” (sugestão).

Enviaremos imeius com a recomendação que sejam repassados a todos os contatos, além de incentivarmos listas de discussões. Onde tivermos acesso, podemos sugerir à rádios online – ou que sejam também online – pautarem o tema. Assim todos podem ouvir via web e podemos tuitar no horário do programa. Tem rádio na tua cidade com algum programa comandado por uma mulher, liga e fala da campanha e se dispõe a falar. Essas são as sugestões de acordo com cada mídia, perfil e ferramentas. Outras sugestões são bem-vindas.

Divulgaremos os atos de rua convocados para marcar o 25 de novembro país afora com o intuito de incentivar mais atos além do virtual. Divulgaremos também os procedimentos em casos de denúncia, telefones, serviços de atendimento e artigos de leis, principalmente a Lei Maria da Penha para que todos a conheçam em detalhes.

Indicamos o uso da cor lilás no dia 25 de novembro em roupas e acessórios para dar visibilidade à campanha. O uso da cor lilás e da temática feminista são indicados também aos BGs no tuíter (imagem de fundo do perfil), avatares (foto de indentificação nas redes sociais da web) e o uso de um banner da campanha para identificar os blogues participantes.

E, por fim, proporemos toda essa pauta aos veículos da grande imprensa e às parlamentares da bancada feminista para que façam o máximo de intervenções possíveis nos plenários do Congresso.Quem quiser participar e não tem perfil em nenhuma rede social, pode reproduzir os posts publicados nos blogs listados e lincados abaixo e indicá-los por imeiu. No Facebook e no orkut somos facilmente encontradas pesquisando “Feministas em ativismo online” ou ainda procurando no google (ou outro site de busca) por “fim da violência contra a mulher”.

Essa campanha foi pensada e construída sob a ótica feminista da colaboração, da construção solidária e coletiva. Não há donas(os) e sim colaboradoras(es) e participantes. Juste-se a nós contribuindo com o tempo e a ferramenta que dispuser. Uma vida sem violência é direito de todas as mulheres. Lutamos contra todas formas de opressão e violência e acreditamos que qualquer iniciativa, por menor que pareça, ajuda a construir a cultura de paz que tanto necessitamos.

Boa luta!

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