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no meio do caminho

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a casa que agora abriga o Parque Jurassí é comprida como um suspiro triste. quando está calor gosto do vento que encana. quando está frio não gosto tanto. mas geralmente fico no mesmo lugar… no meio do caminho, no meio da casa.

foi onde me recuperei do susto de quase sufocar sem conseguir respirar. foi onde sentei durante boa parte do dia hoje. foi onde estava anteontem. e tresontonte… é onde tenho tentado me reorganizar, sem sucesso – óbvio.

poderia dizer que é onde posso controlar os filhotes todos – humano, caninos, felinos; mas é uma escolha que nasce da falta de escolhas. é onde estou também na vida, no meio do caminho. não como opção para escolher voltar ou seguir ou mudar, mas parada no meio da nada, em lugar algum, que leva a lugar nenhum.

diferente de antes que me cobrava o ter, ser, estar; agora já não me cobro nada, só lamento. por mim, pelas pessoas com quem poderia ter contribuído, pelo mundo que poderia ter ajudado a mudar, sei lá… apenas lamento.

e espero, o fim do dia, o começo de outro… “acontecimentos”, como diria Marina. espero.

 

 


Escolhendo as saudades

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Queria dizer que sinto saudade de todos os amigos e amigas que não vejo há anos. Estaria mentindo. Quase sempre quando os vejo na rua, no pouco que saio de casa, ou em fotos desfilando nas redes sociais fico feliz e nas fotos curto discretamente, meio que para dizer “te vi, gostei de te ver, que bom que estás bem, bom saber de ti”. Mas fica por aí.

Dia desses uma amiga muito querida e que foi muito presente na minha vida até, sei lá, meus 26 ou 27 anos, publicou uma foto nova. Está linda chegando aos 40 anos e eu só consegui curtir com esse significado: “te vi”, “que bom te ver”. Poderia ter dito “saudades tuas”, como alguém escreveu pra mim essa semana e me fez sorrir, mas imediatamente me ocorreu: será que vai gostar de ler que sinto saudade dela? ou vai só pensar “ah, não… a Niara não!”?

Entenderam o drama? Quando a gente tem esse tipo de dúvida sobre amizade é porque já foi, não é mais. E é claro que sinto saudade, esse é praticamente meu segundo nome _embora o registro teime em avisar Luiza_, mas a saudade é outra. Tenho saudade de mim naquele tempo, com aquela pessoa naquele tempo. Agora somos praticamente estranhas. Teria que apresentar tudo de novo, conhecer e estar disposta a conhecer tudo de novo e a reconhecer o que sobrou daquela outra pessoa nessa… e, não, não estou disposta. Tem lembranças que trazem junto dores, o amargo de erros cometidos ou de acertos com pessoas erradas, erros com pessoas erradas…

Minha indisposição tem a ver com a decisão de não mais arrastar as correntes do rancor e dessas dores e amargos. Consegui me livrar delas. Mas esquecer… esquecer é outra coisa. Não sei esquecer. E daquilo que não sei fazer mas quero e me esforço para aprender está a seleção das saudades a sentir. Tem saudade boa, gostinho de quero mais, aquece o coração e faz sorrir. Fico só com essas, [porque não sou] obrigada.

Beijo para aqueles e aquelas que não são dúvidas na minha vida. ♥