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#ReginaDuarteFeelings e sua influência nas nossas escolhas de um projeto político

ReginaDuarte_MedoQuem não lembra do discurso “eu tenho medo” da Regina Duarte na campanha de 2002 para presidente? Isso ficou mais marcado do que o ano em que foi feito o discurso. O vídeo (linkado) diz que foi em 2006, só que em 2006 o candidato do PSDB era Alckmin. Mas o ponto não é esse, e sim a sua influência no modos operandi do fazer política de lá para cá.

A entrada das redes sociais na campanha política trouxe junto a lógica da política do medo, ou o que chamo de #ReginaDuarteFeelings. O argumento nunca é favorável, mas o inverso dele que te faz ficar favorável. É o velho e ruim “voto (in)útil” chamado agora de ‘mal menor’, do candidato ‘menos pior’. Acostumamos-nos a ele de tal forma que nem ousamos mais pensar no melhor, num projeto para chamar de nosso, para defender.

PSOL e PSTU e demais esquerdistas são classificados pelos governistas como “a esquerda que a direita gosta“, e de colaborar diretamente para o “avanço” dos tucanos sobre o eleitorado. Oi? Que avanço dos tucanos? Primeiro é preciso esclarecer que não criticar o governo não o salva de se atirar nos braços da direita e de ‘desenvolver’ sua política capitalista genocida e nem de se aproximar “ideologicamente” do PSDB. Segundo, não é assim que se estabelecem diferenças, mas com política real, no caso de governos com políticas públicas e econômica. E nesses quesitos, o governo do PT é campeão em mentiras, em fingir ser o que não é e em colocar no outro a culpa da política que faz.

Vamos colocar alguns pingos nos is, então. Tudo nesse governo é capitalista. Não há nenhuma política de esquerda em que possamos usar aquele atenuante “ah, o governo tem problemas, mas tirou 30 milhões de pessoas da miséria…“. Sério? Mesmo? Quando um governo gerencia um Estado privilegiando sempre os mais ricos, até mesmo na “política” de Direitos Humanos, ele produz miséria ao invés de combatê-la. Ao produzir miséria e miseráveis e usar o braço armado desse Estado contra qualquer oprimido que tente se rebelar/protestar, ter uma única política que tira pessoas da miséria e depois as joga na selva do capitalismo (onde só se prospera pelos “próprios méritos”, como se não houvesse aí exploração do trabalho de outrem/ns), não é tirar pessoas da miséria, mas uma política social-democrata de redução de danos que no final das contas atrela essas pessoas ao voto de gratidão nesse governo. Isso é a velha política clientelista dos coronéis de outrora maquiada de “política social de distribuição de renda”. Tanto assim que os índices de desigualdade social permanecem os mesmos. Enquanto pessoas saem da miséria com esmola do governo os ricos ficam mais ricos — com exceção do Eike, coitado… 😛 –. Tirou pessoas da miséria? Sim, mas mantém a política que produz a miséria e os miseráveis.

O fato é que transformar miseráveis em consumidores não os transforma automaticamente em cidadãos. Educação e participação política é que transformam miseráveis em cidadãos. Democracia não é apertar um botão a cada dois anos passando um cheque em branco para este governo que clienteliza a população mais pobre. Não se preocupar com os resultados de sua política como crianças vivendo no lixo; prostituição de crianças na esteira do “desenvolvimento” da construção de hidrelétricas para produzir energia suja; remoção de pobres e pretos para a maquiagem das grandes cidades para os grandes eventos; preocupação zero com os danos ambientais de todas as obras e desarticulação dos órgãos fiscalizadores desses danos ambientais; prática de tortura, assassinato e desaparecimento nas delegacias e unidades policiais de norte a sul do país e apoio incondicional ao aparato policial em detrimento do cidadão; coloca o PT e seus governos no rol dos iguais. E nem vou citar mais casos de violações de direitos humanos, como índios assassinados, secretário de governo do PT armado contra sem terra, apoio do governo à milícias do agronegócio, etc., sob pena de ficar linkando até semana que vem. Não são os esquerdistas que colocam o PT no rol dos iguais apenas o dizendo (e nem a palavra da esquerda é tão poderosa assim), é o próprio PT com sua política que se coloca nesse lugar. Observar e evidenciar isso não é mérito nenhum além de não ser cego.

Dizer que quem enxerga e evidencia a real politik do PT — e não a política que o PT diz fazer — é colaborador da direita ou eleitor indireto de Aécio ou Marina é nada mais nada menos que repetir o discurso do medo de Regina Duarte. E, PASMEM, TEM FUNCIONADO! Várixs governistas que estavam finalmente percebendo que não criticar publicamente o governo só o empurra cada vez mais para a direita, estão voltando à política governista de terrorismo nas redes sociais. “Ou tu vota no PT e apóia Dilma ou estará apoiando Aécio ou Marina”, assim, fatalmente. Oi? Não existe voto nulo e não-validação desse sistema eleitoral, dessa falsa democracia?

Para quem cria, estimula ou se deixa enredar nesse terrorismo, deixem-me apenas dizer duas coisas. UMA: o TSE não computa apoio crítico, e nem o PT. Já os votos nulos e a abstenção eleitoral aparecem na contabilidade final das eleições e querem dizer uma única coisa: INSATISFAÇÃO. DUAS: Dizer que não adianta abraçar um projeto político que não tem chances eleitorais é o que dizia o MDB/PMDB lá no início do PT. O PT não nasceu na Presidência da República, mas como um partido pequeno, pentelho, que só tinha gente desconhecida como candidato (muitos ex-presos políticos e barbudos desgrenhados, o que não ajudavam em nada na “imagem vendável” de um partido sério) e foi construindo tijolinho por tijolinho, por acreditar que o seu projeto era o bom, era o justo, era o melhor é que o fez chegar onde chegou (apesar de muitos atribuírem apenas a figura de Lula). Ninguém fez mais campanha contra o voto (in)útil que o PT. Voltar a isso é apostar na despolitização e desconscientização do voto. Cuidado! Esse é um caminho sem volta, não para a política eleitoral nacional, mas para os (até aqui) agentes políticos transformadores da sociedade que fazem uso desse expediente.

Para os governistas envergonhados que ficam aí dizendo “tenho críticas ao governo, mas não há nada melhor do que isso“, assumam o ônus de defender e votar nesse projeto do PT e o defendam pelo seu melhor, se encontrarem. Chega de #ReginaDuarteFeelings na política! Até porque a própria Dilma jogou por terra todo o terrorismo feito pelo PT na campanha de 2010 ao fazer tudo que ‘disseram que Serra faria’ nos primeiros seis meses de governo e fechando com chave de ouro agora, com a privatização de campos de petróleo. Voltemos urgentemente a lutar pelo melhor, pelo justo, pelo bom. Democracia é antes de tudo um exercício de respeito às escolhas dx outrx. Disputemos antes sua consciência com o nosso melhor, com a melhor proposta — inclusive a do voto nulo, se acreditarmos nele como força de mudança –, mas depois da escolha feita, respeitemos sua escolha e inteligência.

medo eu tenho desse cabelo...

medo eu tenho desse cabelo…

p.s.: Não se perguntem porque não falo diretamente com tucanos e afins. Não me relaciono com eles de forma alguma, não tenho nada a dizer a eles e o que tinha para saber deles já sei. Não sou eu que me aproximo deles com a política que faço, mas o PT.

Já tinha escrito antes sobre a defesa cega do governo e retrocessos suportados…

Texto do Gilson, de hoje, sobre o mesmo tema.

E para quem ainda isenta Lula da política de Dilma no governo, sinto muito (mentira, sinto nada) em decepcionar.


Ajuste fiscal às custas da saúde dos trabalhadores

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Entenda como a governadora Yeda conseguiu o seu propalado “déficit zero” e como funciona o seu choque de gestão tucano nas contas da saúde pública do Rio Grande do Sul
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O Ministério da Saúde DEVERIA advertir: Yeda faz mal à saúde do Rio Grande do Sul

A Carta Capital desta semana traz uma matéria, “Remédios por juros“, do Leandro Fortes sobre mais um crime cometido contra a saúde pública neste país. Três dos estados mais ricos da federação – Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, coincidentemente administrados pelo PSDB – usaram recursos do SUS para fazer ajuste fiscal, aplicando no mercado financeiro. Isso vem sendo feito ao longo dos últimos quatro anos pelos governos do RS, SP e MG e incluindo também o Distrito Federal, administrado pelo DEM em parceria com o PSDB.

O mais novo escândalo da saúde no país foi revelado através de uma fiscalização do Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (Denasus), órgão de terceiro escalão do Ministério da Saúde. O resultado das auditorias foi entregue ao ministro José Gomes Temporão (PMDB) no dia 10 de janeiro deste ano.

Os dados sobre o Rio Grande do Sul na matéria são escandalosos e revelam que os setores mais sucateados foram vigilância sanitária e vigilância epidemiológica. Ou seja, as epidemias de gripe A e a mais recente de dengue, que o RS ainda vai enfrentar as consequências, são resultado direto do tal choque de gestão tucano.

Mas é bom lembrar que o secretário de Saúde de Yeda, Osmar Terra, é do mesmo partido do ministro Temporão, o PMDB – principal partido da base de sustentação do governo Lula e principal aliado na candidatura da ministra Dilma Roussef (PT) à presidência.

Desculpem-me, mas não tenho esperança alguma de ver qualquer punição ou reprimenda aos estados que fraudaram as contas do SUS, principalmente aqui no RS. Ganhe Dilma Roussef ou José Serra, Tarso Genro ou José Fogaça, ficará tudo por isso mesmo em nome da macropolítica. Afinal, SUS, saúde pública, a saúde e a vida dos trabalhadores, tudo isso são meros detalhes no jogo político eleitoral, sempre maior e mais importante. Não é, não?

Falando em saúde, vou começar a estocar antiácido em casa. Só leite gelado não dará conta do meu estômago neste ano eleitoreiro.


Mujica tumultua Montevidéu ao caminhar pelas ruas há três dias de sua posse como presidente

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A partir de segunda-feira o Uruguai terá como presidente um homem simples, de hábitos simples, e que, pelo visto, não se deslumbra com o poder. Longa vida ao ex-guerrilheiro tupamaro Pepe Mujica!
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Ana Olivera e Pepe Mujica na caminhada da Frente Ampla, pela avenida 18 de Julio, em Montevidéu (foto: EFE)

Presidente eleito do Uruguai, José Mujica, tumultuou o centro de Montevidéu nessa sexta-feira ao participar de uma caminhada ao lado da candidata da Frente Ampla ao governo da capital, há três dias de sua posse como presidente.

Fiel ao seu estilo informal, Mujica caminhou dez quadras da avenida principal da cidade, 18 de Julio, para acompanhar Ana Olivera no primeiro ato de sua campanha para as eleições municipais marcadas para 9 de maio. Vigiados apenas por um pequeno grupo de militantes, que formaram uma corrente humana ao seu redor, Mujica e Ana Olivera caminharam juntos com outras mil pessoas, enquanto dezenas de jornalistas se esforçavam para tirar fotos.

A caminhada que durou aproximadamente 15 minutos causou surpresa entre os cidadãos que não esperavam a presença do futuro presidente e o receberam com sorrisos, gritos e aplausos. Muitas pessoas tentaram tirar fotografias junto com o ex-guerrilheiro tupamaro. O ato foi encerrado na Praça Independência, mesmo local da cerimônia de posse de Mujica na próxima segunda-feira.

Em conversa com jornalistas, Olivera disse esperar que sua campanha tenha como principal característica “o contato com as pessoas”. Ela afirmou que pretende percorrer Montevidéu “palmo a palmo”.

A candidata da Frente Ampla é apontada como favorita. Pesquisas de intenção dão a ela índices de preferência superiores a 50%. Olivera tem 56 anos e milita no Partido Comunista, integrante da Frente Ampla. Se eleita, será a primeira prefeita mulher de Montevidéu em 101 anos de processos eleitorais.

(fonte Telesur e Ansa)


Obscenidades da imprensa gaúcha com a governadora Yeda, num verão quente e ‘apagado’

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No início de novembro passado, uma parte considerável do país viveu algumas horas de blackout por conta de uma tempestade em redes de transmissão. Virou a pauta do mês para a imprensa nacional e gaúcha, mesmo que aqui no Rio Grande do Sul o “apagão” tenha sido por apenas duas horas na cidades mais atingidas da grande Porto Alegre. Era um desfile de técnicos e especialistas em energia toda a hora dando entrevista na tevê que chegou a cansar. Nunca vi pipocar tantos “intindidos” num mesmo assunto ao mesmo tempo. Uma “obra”!

A imprensa não poupou o governo federal. Chegou a responsabilizar diretamente o presidente Lula e a ministra Dilma Roussef e anunciavam uma crise energética no país. No final das contas, o blackout era só um blackout mesmo – um problema momentâneo causado por eventos naturais.

Aí, chegou o verão nessas bandas do sul e o consumo de energia foi aumentando proporcionalmente à temperatura. Tudo normal até essa semana, quando o calor foi acima da média e a temperatura máxima permaneceu por volta de 40º C por vários dias. Mas em todos os verões lembro de ver registros de 40º C em Campo Bom, na grande Porto Alegre. E na capital é comum a sensação térmica passar dos 40.

Acontece que com uma semana de temperaturas máximas em média 4º ou 5º acima do normal, a CEEE e suas distribuidoras estão impondo um racionamento indiscriminado de energia em determinadas regiões do estado. Chuvas e tempestades são inesperadas, mas calor no verão todo mundo sabe que faz. Ou não? Mas pelo visto, apenas a CEEE não foi informada sobre o avanço do calendário e que já estamos no verão. E cadê a imprensa e seus técnicos e especialistas em energia? Cadê a imprensa “fritando” a governadora Yeda por conta do desabastecimento de energia? Cadê a imprensa cobrando que o governo do RS faça valer sua autoridade no setor? Onde estão os moradores com prejuízos enormes contando suas histórias tristes para comoção do senso comum?

Chegamos a um absurdo tal nessa relação obscena entre Yeda e a grande imprensa, que sobrou até para o cineasta Jorge Furtado escrever sua indignação (“O apagão de Yeda“) sobre o caso no portal do Luis Nassif.

Há algum tempo escrevi um artigo sobre essa blindagem teflon de Yeda feita pela imprensa gaúcha. Alguns me criticaram dizendo que essa blindagem era inútil, afinal seu governo é o mais mal avaliado do país. Inútil? Yeda, provavelmente terá a cara de pau de se candidatar a reeleição, e perderá feio. Mas o PMDB, que lhe deu sustentação durante todo o seu mandato – sustentação até no abafamento dos escândalos de corrupção – tem fortes chances na pessoa de José Fogaça, atual prefeito de Porto Alegre, também envolvido em escândalos de corrupção e também blindado pela imprensa gaúcha. E o senador Pedro Simon, paladino da ética e da moral lá no Senado, aqui nessas bandas se esquiva de se pronunciar sobre o governo corrupto que apóia. E alguém o critica por isso? Sim, mas – salvo raras exceções – ninguém por essas bandas.

Resumindo: Dois pesos e duas medidas, mais do mesmo, eleição com cartas marcadas, imprensa se fingindo de imparcial para impor seu candidato… Tudo como dantes no quartel de Abrantes!

Só muitos chavões clichês para dar conta de tanto clichê chavão da política gaúcha. Afffff… Tem que ter estômago muito forte para suportar tantos engulhos e tanta p******!


Justiça brasileira tem de ser reinventada

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Íntegra da entrevista com o ministro Joaquim Barbosa (STF), publicada no jornal O Globo, no domingo 03/01.
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Carolina Brígido
O Globo
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“O Judiciário tem uma parcela grande de responsabilidade pelo aumento das práticas de corrupção em nosso país”, na opinião do ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro afirma que a impunidade no Brasil é planejada e que as instituições criadas para combatê-la, na prática, são organizadas de uma forma que as tornam impotentes.

Segundo o ministro, a Polícia e o Ministério Público, apesar dos erros cometidos e de suas deficiências, cumprem o seu papel. Já no Judiciário, afirma com acidez o integrante do STF, “a falta de transparência na tomada de decisões” e “as interpretações lenientes e muitas vezes cúmplices para com os atos de corrupção” criam a sensação generalizada de impunidade no país.

Para finalizar as críticas feitas à instituição da qual é integrante, Joaquim Barbosa afirma que o Judiciário precisa ser reinventado “para ser minimamente eficaz”.

Por que aparecem a cada dia mais escândalos envolvendo políticos? A corrupção aumentou ou as investigações estão mais eficientes?
Joaquim Barbosa — Há sim mais investigação, mais transparência na revelação dos atos de corrupção. Hoje é muito difícil que atos de corrupção permaneçam escondidos.
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O senhor é descrente da política?
Joaquim Barbosa — Tal como é praticada no Brasil, sim. Porque a impunidade é hoje problema crucial do país. A impunidade no Brasil é planejada, é deliberada. As instituições concebidas para combatê-la são organizadas de forma que elas sejam impotentes, incapazes na prática de ter uma ação eficaz.
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A quais instituições o senhor se refere?
Joaquim Barbosa — Falo especialmente dos órgãos cuja ação seria mais competente em termos de combate à corrupção, especialmente do Judiciário. A Polícia e o Ministério Público, não obstante as suas manifestas deficiências e os seus erros e defeitos pontuais, cumprem razoavelmente o seu papel. Porém, o Poder Judiciário tem uma parcela grande de responsabilidade pelo aumento das práticas de corrupção em nosso país. A generalizada sensação de impunidade verificada hoje no Brasil decorre em grande parte de fatores estruturais, mas é também reforçada pela atuação do Poder Judiciário, das suas práticas arcaicas, das suas interpretações lenientes e muitas vezes cúmplices para com os atos de corrupção e, sobretudo, com a sua falta de transparência no processo de tomada de decisões. Para ser minimamente eficaz, o Poder Judiciário brasileiro precisaria ser reinventado.
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Qual a opinião do senhor sobre os movimentos sociais no Brasil?
Joaquim Barbosa — Temos um problema cultural sério: a passividade com que a sociedade assiste a práticas chocantes de corrupção. Há tendência a carnavalizar e banalizar práticas que deveriam provocar reação furiosa na população. Infelizmente, no Brasil, às vezes, assistimos à trivialização dessas práticas através de brincadeiras, chacotas, piadas. Tudo isso vem confortar a situação dos corruptos. Basta comparar a reação da sociedade brasileira em relação a certas práticas políticas com a reação em outros países da America Latina. É muito diferente.
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Como deviam protestar?
Joaquim Barbosa — Elas deviam externar mais sua indignação.
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É comum vermos protestos de estudantes diante de escândalos.
Joaquim Barbosa — O papel dos estudantes é muito importante. Mas, paradoxalmente, quando essa indignação vem apenas de estudantes, há uma tendência generalizada de minimizar a importância dessas manifestações.
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A elite pensante do país deveria se engajar mais?
Joaquim Barbosa — Sim. Ela deveria abandonar a clivagem ideológica e partidária que guia suas manifestações.
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O próximo ano é de eleições. Que conselho daria ao eleitor?
Joaquim Barbosa — Que pense bem, que examine o currículo, o passado, as ações das pessoas em quem vão votar.
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Quando o senhor vota, sente dificuldade de escolher candidatos?
Joaquim Barbosa — Em alguns casos, tenho dificuldade. Sou eleitor no Rio de Janeiro. Para deputado federal, não tenho dificuldade, voto há muito tempo no mesmo candidato. Para governador, para prefeito, me sinto às vezes numa saia justa. O leque dos candidatos que se apresenta não preenche os requisitos necessários, na minha opinião. Não raro isso me acontece. Não falo sobre a eleição do ano que vem, porque ainda não conheço os candidatos.
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