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Feministas em ativismo online pelo fim da violência contra a mulher II

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De 21 a 25 de novembro em todas as redes sociais da web

Dia 25 de novembro é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Para marcar a data, um grupo de feministas blogueiras-tuiteiras-interneteiras, inspiradas nos 16 dias de ativismo, está propondo fazermos de novo cinco dias de ativismo online pelo fim da violência contra a mulher, de 21 a 25 de novembro.

Durante os cinco dias pautaremos nossos blogues (adaptando ao tema central de cada um) e realizando uma blogagem coletiva, escrevendo artigos e crônicas abordando origens da violência de gênero, lembrando casos históricos, entrevistando mulheres vítimas de violência e/ou ativistas feministas que atuem no combate à violência, responsáveis pelas Delegacias Especializadas — onde houver. Textos próprios ou repostagem de textos interessantes, entrevistas com juízas e promotoras responsáveis pelas Varas de Violência Doméstica (que são complementares à regulamentação da Lei Maria da Penha), e divulgar a Lei Maria da Penha e o procedimento padrão no caso de denúncia. Uma indicação é reforçar o termo “feminicídio” e não desviar o foco do combate à violência de gênero. No Blogueiras Feministas tem muitos textos, dados que podem ajudar a escrever novos posts. No caso de postar depoimentos de vítimas de violência, sugerimos o cuidado para não expor ainda mais a mulher agredida e salientar como denunciar e o uso do 180 — Central de Atendimento à Mulher.

No twitter divulgaremos os blogues participantes da campanha, postaremos periódica e intensivamente notícias, posts, dados de pesquisas, artigos da Lei Maria da Penha, informações de como e onde denunciar agressões,  sempre acompanhadas da hashtag #FimDaViolenciaContraMulher — que é abastecida diariamente desde a campanha do ano passado.

No Facebook postaremos como notas depoimentos de vítimas e matérias sobre casos de violência — novos e antigos — em nossos feeds de notícias, além de imagens, músicas, poesias, vídeos sobre o tema. Nosso grupo lá se chama “Feministas e feminismo em ativismo digital” e é aberto. Venha participar e debater.

No orkut (sim, ele ainda existe) manteremos uma comunidade para debater o assunto, postando imagens e atualizando nossos perfis para “feministas em ativismo online pelo fim da violência contra a mulher” (sugestão). Enviaremos imeius com a recomendação que sejam repassados a todos os contatos, além de incentivarmos listas de discussões. Onde tivermos acesso, podemos sugerir a pauta à rádios – rádios online também. Pautar programas de rádio é nosso principal desafio. Sabemos que as redes sociais ainda estão muito longe de serem populares e por consequência não atingem a ampla maioria da população e das mulheres. É muito mais fácil chegarmos às mulheres vítimas de violência via rádio. Tem rádio na tua cidade com algum programa comandado por uma mulher ou radialista sensível ao tema? Liga e fala da campanha e te dispõe a participar.

Divulgaremos os atos de rua convocados para marcar o 25 de novembro pelo país afora com o intuito de incentivar mais atos além do virtual. Divulgaremos também os procedimentos em casos de denúncia, telefones, serviços de atendimento e artigos de leis, principalmente a Lei Maria da Penha para que todos a conheçam em detalhes.

Indicamos o uso da cor lilás no dia 25 de novembro em roupas e acessórios para dar visibilidade à campanha. O uso da cor lilás e da temática feminista são indicados também aos BGs no tuíter (imagem de fundo do perfil), avatares (foto de identificação nas redes sociais da web) e o uso de um banner da campanha para identificar os blogues participantes. Para colocar a marca na campanha no seu avatar, fizemos o twibbon “Fim Violência” << Clica no link e depois no retângulo “show my support now”.

E, por fim, proporemos toda essa pauta aos veículos da grande imprensa e às parlamentares das bancadas feministas para que façam o máximo de intervenções possíveis nos plenários dos parlamentos brasileiros. Quem quiser participar e não tem perfil em nenhuma rede social, pode reproduzir os posts publicados nos blogs listados e lincados abaixo e indicá-los por imeiu. No Facebook e no orkut somos facilmente encontradas pesquisando “Feministas em ativismo online” ou ainda procurando no google (ou outro site de busca) por “fim da violência contra a mulher”.

Essa campanha foi pensada e construída sob a ótica feminista da colaboração, da construção solidária e coletiva. Não há donas(os) e sim colaboradoras(es) e participantes. Junte-se a nós contribuindo com o tempo e a ferramenta que dispuser. Uma vida sem violência é direito de todas as mulheres. Lutamos contra todas formas de opressão e violência e acreditamos que qualquer iniciativa, por menor que pareça, ajuda a construir a cultura de paz que tanto necessitamos. Outras sugestões são bem-vindas.

Os cinco dias de ativismo online pelo fim da violência contra mulher antecede a campanha mundial dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, que inicia no 25 de novembro e vai até 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos).

É dia de luta, bebê!

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Vida de ativista ou sobre como a violência de gênero me atinge

Meu momento MiMiMi ao final dos 5 dias de ativismo online pelo #FimDaViolenciaContraMulher
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Vida de ativista parece fácil, né? Afinal, como dizia a minha avó Carolina, quem corre por gosto não cansa. Na teoria. Na prática, cansa e muito.
Sou meio revoltada assim desde sempre. No jardim de infância da escola paroquial onde estudei até a 4ª série, já protestava contra a exclusão de duas colegas negras e mais pobres que os demais do grupo da merenda. Naquela época a escola não era obrigada a oferecer merenda e cada um levava a sua. Essas duas nunca levavam. E eu, para tentar incluí-las, levava merenda para três e dividia. Protestei também contra a obrigatoriedade de cantar o hino nacional em fila nas segundas-feiras e ainda beijei um coleguinha no rosto em pleno recreio. Isso em 1977, aos cinco anos de idade. Não é à toa que sempre me senti um E.T. neste mundo, meio fora de esquadro e compasso. Fato é que nunca consegui assistir calada uma injustiça e sempre fiz o que me “deu na telha”.
Me assumo comunista desde os 15 anos e feminista desde os 20. Desde que minha consciência de gênero aflorou – ou foi forjada na opressão e discriminação da militância no PT e no movimento estudantil – o mundo ganhou algumas cores e perdeu outras. Na utopia de sonhar com o impossível fui tentando fazer o possível para suportar o dia a dia. Mais ou menos como diz o Belchior naquela canção, “a minha alucinação é suportar o dia a dia e meu delírio é a experiência com coisas reais”.
Para quem não sabe, o meu filhote dinossauro (forma carinhosa como sempre me refiro a ele no tuíter) é um quase autista de 14 anos, portador da Síndrome de Lennox-Gastaut. Ele não articula a fala e é praticamente um bebezão no corpo de um adolescente. Eu o crio sozinha, com a ajuda da minha família – ajuda que muitas vezes me sai cara demais – e confesso estar muito cansada. Desde a gravidez já foram três crises de depressão profunda, cada uma mais longa que a anterior. Nunca alimentei sonhos com a maternidade e até eu me surpreendo comigo enquanto “mãe”. Minha jornada é tripla, às vezes quádrupla. Durmo em média quatro horas por dia, trabalho fora, cuido do Calvin e da casa e ainda tento arrumar tempo para blogar, tuitar – minha diversão e ativismo no momento. Não sobra tempo pra mim.
Hoje, enquanto participava da entrevista na Radiocom com a Cíntia Barenho – companheira muito querida nesta jornada dos 5 dias de ativismo online pelo fim da violência contra a mulher, que tive o prazer de conhecer pessoalmente –, e falávamos das diversas formas de violência de gênero, me dei conta que enquanto falava lutava contra o meu cansaço físico e dores pelo corpo para estar ali. Não eram nem 10h. Me senti violentada. Esse mundo capitalista e machista me violenta todos os dias na falta de estrutura e de condições básicas para a minha existência. Me sinto tão pouco cidadã que exercer meu ativismo soa quase ridículo. Fico apontando a falta de estrutura do Estado para combater e prevenir a violência contra as mulheres e ainda não consegui apontar a falta de estrutura do Estado com a chamada educação especial (eu definiria como educação diferenciada) porque me parece que legislar em causa própria é muito imediatista e egoísta. Mas o fato é que este Estado e este governo não garantem ao meu filho nem educação e nem saúde públicas de qualidade e com isso me violenta duplamente.
Cheguei em casa exausta hoje. Duas entrevistas, muito trabalho chato e o Calvin carente da minha presença com crises de ciúme do computador, sem me deixar continuar meu ativismo online pelo fim da violência contra as outras mulheres.
Ai, ai, Complexo de Cinderela batendo na porta mais uma vez… Vida de ativista é assim mesmo. Não é?

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