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A leitura genial de Latuff sobre a tragédia no Rio…
Obscenidades da imprensa gaúcha com a governadora Yeda, num verão quente e ‘apagado’

A imprensa não poupou o governo federal. Chegou a responsabilizar diretamente o presidente Lula e a ministra Dilma Roussef e anunciavam uma crise energética no país. No final das contas, o blackout era só um blackout mesmo – um problema momentâneo causado por eventos naturais.
Aí, chegou o verão nessas bandas do sul e o consumo de energia foi aumentando proporcionalmente à temperatura. Tudo normal até essa semana, quando o calor foi acima da média e a temperatura máxima permaneceu por volta de 40º C por vários dias. Mas em todos os verões lembro de ver registros de 40º C em Campo Bom, na grande Porto Alegre. E na capital é comum a sensação térmica passar dos 40.
Acontece que com uma semana de temperaturas máximas em média 4º ou 5º acima do normal, a CEEE e suas distribuidoras estão impondo um racionamento indiscriminado de energia em determinadas regiões do estado. Chuvas e tempestades são inesperadas, mas calor no verão todo mundo sabe que faz. Ou não? Mas pelo visto, apenas a CEEE não foi informada sobre o avanço do calendário e que já estamos no verão. E cadê a imprensa e seus técnicos e especialistas em energia? Cadê a imprensa “fritando” a governadora Yeda por conta do desabastecimento de energia? Cadê a imprensa cobrando que o governo do RS faça valer sua autoridade no setor? Onde estão os moradores com prejuízos enormes contando suas histórias tristes para comoção do senso comum?
Chegamos a um absurdo tal nessa relação obscena entre Yeda e a grande imprensa, que sobrou até para o cineasta Jorge Furtado escrever sua indignação (“O apagão de Yeda“) sobre o caso no portal do Luis Nassif.
Há algum tempo escrevi um artigo sobre essa blindagem teflon de Yeda feita pela imprensa gaúcha. Alguns me criticaram dizendo que essa blindagem era inútil, afinal seu governo é o mais mal avaliado do país. Inútil? Yeda, provavelmente terá a cara de pau de se candidatar a reeleição, e perderá feio. Mas o PMDB, que lhe deu sustentação durante todo o seu mandato – sustentação até no abafamento dos escândalos de corrupção – tem fortes chances na pessoa de José Fogaça, atual prefeito de Porto Alegre, também envolvido em escândalos de corrupção e também blindado pela imprensa gaúcha. E o senador Pedro Simon, paladino da ética e da moral lá no Senado, aqui nessas bandas se esquiva de se pronunciar sobre o governo corrupto que apóia. E alguém o critica por isso? Sim, mas – salvo raras exceções – ninguém por essas bandas.
Resumindo: Dois pesos e duas medidas, mais do mesmo, eleição com cartas marcadas, imprensa se fingindo de imparcial para impor seu candidato… Tudo como dantes no quartel de Abrantes!
Só muitos chavões clichês para dar conta de tanto clichê chavão da política gaúcha. Afffff… Tem que ter estômago muito forte para suportar tantos engulhos e tanta p******!
Policial da repressão faz apologia da tortura em Zero Hora
Mídia à beira de um ataque de nervos
A mídia brasileira está sendo vítima de um surto da síndrome do pânico: está com horror ao espelho. Berra e esperneia quando alguém menciona a organização de conferências ou debates públicos sobre meios de comunicação, imprensa, jornalismo. Apavora-se ao menor sinal de controvérsias a seu respeito, por mais úteis ou inócuas que sejam. Parece ter esquecido que o direito de ser informado é um dos direitos inalienáveis do cidadão contemporâneo. O Estado Democrático de Direito garante a liberdade de expressão e o acesso universal à informação.
A instituição criada para impedir unanimidades, o poder instituído para promover o pluralismo, o bastião do Estado Democrático de Direito, agora se sobressalta e entra em transe quando pressente outros holofotes tentando focalizá-lo.
Diagnóstico 1: modéstia. Diagnóstico 2: narcisismo. Diagnóstico 3: onipotência. Diagnóstico 4: hipocrisia.
Nada impositivo
O primeiro episódio ocorreu no início de dezembro, antes da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom): o grosso das corporações empresariais de mídia desistiu de participar dos debates, compareceram apenas duas. As únicas que ficaram bem na fita. A Confecom chegou ao fim, produziu um calhamaço de propostas, a maioria inócuas, e os ausentes nem puderam cantar vitória porque se escafederam antes das luzes se apagarem (ver, neste OI, “Lições de manipulação” e “O misterioso e suspeito desaparecimento do Conselho de Comunicação Social“).
Menos de um mês depois, final de dezembro, novo faniquito: o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). A mídia inicialmente parecia sensível aos apelos das vítimas, parentes ou entidades em defesa dos direitos humanos para reabrir as investigações sobre a repressão política durante o regime militar. Então aparece a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e começa a urrar como aquelas senhoras que pressentem uma barata no quarto escuro.
(…)
A luta pelos direitos humanos não tem dono, está definitivamente incluída na pauta dos debates nacionais. Tortura não é coisa do passado, é do presente. É melhor liberar o aborto do que encontrar diariamente nos lixões recém-nascidos abandonados por mães solteiras. A exibição de símbolos religiosos em repartições do Estado afronta aqueles que acreditam que o Estado é garantidor da isonomia cidadã, da democracia e da tolerância.
(…)
“You have to show destruction”
O que vemos hoje em Porto Príncipe, dois dias após o terremoto é um exemplo indescritível de civismo e ajuda. Não há o caos, como parte dos jornalistas que nos procuram querem ouvir, as pessoas não estão em desespero e nem há sinal da “barbárie imaginária” que molda o nosso preconceito sobre o Haiti. Os haitianos estão se virando como sempre fizeram após embargos e avanços econômicos internacionais que implodiram a produção local (como conhecemos no caso do trigo norte-americano).
“You have to show destruction” (“Voce deve mostrar a destruicao“) foi o que ouvi de um jornalista norte americano. E de fato há sim sinais de destruicao e morte, que merecem ser retratados. Mas os haitianos encontraram meios criativos e cheios de civismo para contornar essa situação, que nos cabe aqui relatar.
Hoje, saindo ao Champ de Mars com o Omar, a Cris e o Flávio, vimos um acampamento imenso. Pessoas organizadas, fazendo comida, tomando banho, lavando roupa. Nem sinal da ajuda internacional que enche a boca de tantas autoridades. Espera-se o espetáculo da destruição para depois chegar ao espetáculo da cooperação internacional.
As pessoas estão removendo escombros das próprias casas e da vizinhaca, barracas cobertas foram improvisadas para abrigar pessoas. Vemos médicos haitianos espalhados pela cidade fazendo um trabalho de formiga. Algumas ONGs, como a Médicos Sem Fronteiras e o Viva Rio, estão fazendo o possível pra receber a população atingida, mas a ajuda ainda é tímida frente à grandeza da situação.
Além disso, os haitianos encontraram meios de manter a cotidiana rede de comércio, e sem alteração de preços. No Champs de Mars, centro da cidade, as “dames sara”, como são conhecidas as mulheres que constroem as redes de abastecimento “informal” da cidade, continuam na ativa e as cozinhas improvisadas funcionam à todo o vapor, fazendo frango, banana frita e macarrão. Um prato de “chen jambe” continua, impressionantemente, custando 100 gourds (2,5 dólares, aproximadamente). E isso é importante ser retratado. Nossa fotógrafa, em meio a tanto outros que buscavam somente a destruição, pegou sua câmera e, pedindo licença, fez retratos de pessoas orgulhosas com as medidas que encontraram para sobreviver.
Alguns tratores da República Dominicana chegaram hoje, mas, no centro, nem sinal da Minustah ou da ONU. Dois dias depois do terremoto. Há relatos de que a ajuda internacional encontra dificuldades em distribuir a comida que chega. A ajuda internacional é sim necessária, mas mais do que nunca a população local precisa ser ouvida. Só eles sabem o que se passa aqui e a melhor forma de sair dessa situação trágica.
Nota: No blog dos Pesquisadores da Unicamp no Haiti, existem mais relatos sobre a situação do Haiti e seu povo. Este é do dia 14 de janeiro.
O mais baixo da escala do caráter
O Latuff mais uma vez arrebentou. Conseguiu traduzir através de sua arte o mau caratismo do senhor Boris, aquele que é, para todos nós, uma vergonha. Boris é uma figura extremamente preconceituosa, o que fica evidente em seus comentários nos telejornais que apresenta e apresentou. Talvez seja uma das faces mais visíveis desse tipo preconceito existente nas redações por todo país. Agora, mesmo para os que não viam tão evidentemente tal comportamento, a máscara caiu de uma vez. No entanto, o caso Boris é apenas a parte visível deste comportamento. Enquanto tivermos a manutenção dos oligopólios midiáticos teremos sempre esse tipo de preconceito conduzindo a forma de “ver o mundo” traduzida pelas reportagens e opiniões emitidas através desses meios, mesmo que essas sejam revestidas pelos mitos de isenção e imparcialidade.
Gafe é uma coisa, preconceito de classe é outra
Chocante o “deslize” de Boris Casoy no Jornal da Band na noite de ontem (31/12) ao desdenhar das felicitações de dois garis. Não que esperasse algo menos preconceituoso por parte de Casoy, ex-membro do CCC – Comando de Caça aos Comunistas – que tinha como lema “matar um comunista por dia” (*). Mas pela forma como um jornalista experiente, famoso pela ancoragem dos telejornais por onde passou e pelo bordão “isso é uma vergonha!”, joga por terra sua “credibilidade” por deixar escapar em voz alta um pensamento que deve ser recorrente.
A gafe verbalizada por Casoy na verdade é preconceito – ou ódio – de classe, é mais comum do que se imagina e é o que faz com que a elite brasileira tenha vergonha de ter um presidente operário, semianalfabeto que quebra o protocolo de onze em cada dez cerimônias que participa. Não defendo e nem apoio o governo Lula por vários motivos, mas preconceito de classe me diz respeito e atinge diretamente. Sempre que perceber um trabalhador ser destratado, humilhado, estando ele presidente ou não, vou me indignar e manifestar. O fato do presidente do meu país ser um operário (ou ex, como queiram) só me orgulha. Minha vergonha de seu governo reside em outros fatos e políticas governamentais e nada tem a ver com preconceito.
Lula está pouco se lixando para as ofensas e grosserias de que é vítima por parte da elite e por grande parte da mídia brasileira. Quanto mais batem, mais sua popularidade entre sua classe aumenta – a isso chama-se identificação, reconhecimento e sensação de pertencimento – e seu prestígio internacional cresce. Mas os demais trabalhadores não têm o mesmo escudo nem casca grossa e estão expostos a humilhações públicas como aqueles dois trabalhadores em rede nacional, ontem à noite.
A Band disse que a “gafe” vazou acidentalmente e, com o pedido de desculpas feito pelo jornalista Boris Casoy no jornal de hoje (01/01), dá o caso por encerrado. Espero sinceramente que os dois garis processem a Rede Bandeirantes e seus apresentadores para que o caso sirva de exemplo. Gostaria ainda de ver os garis (categoria) fazendo um protesto em frente à emissora e que este protesto os fizessem perder muitos anunciantes, para que os chefes da Band saibam o preço de manter um “profissional” tão preconceituoso, tão politicamente incorreto, como a cara de seu jornalismo. Acabei de incluir esses dois desejos em minha lista para o ano de 2010. Oxalá aconteçam!
(*) Em 1968, numa reportagem sobre líderes estudantis, a revista O Cruzeiro acusou Boris Casoy de ter participado do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), durante os anos 60. Casoy nega até hoje e afirma não haver provas de sua suposta participação no CCC. Vinte anos depois, disse ter consciência do “quanto a imprensa pode estigmatizar alguém. Eu senti isso na carne. E não esqueço.” (fonte Wikipédia)************************************************************
Jornal da Band – 31 de dezembro de 2009
Os âncoras Boris Casoy e Joelmir Beting não perceberam que o microfone ficou aberto e, pensando que ninguém mais os ouvia, fizeram comentários preconceituosos sobre da dupla de garis que desejava a todos, inclusive aos dois, um feliz 2010. A colega dos dois âncoras da Band, Millena Machado, foi conivente em sua risadinha, que também pode ser ouvida.
Transcrição:
Agora é oficial: Folha de São Paulo anuncia sua despedida do jornalismo
O jornal Folha de São Paulo anunciou nesta sexta-feira que desistiu definitivamente do jornalismo. O anúncio veio sob a a forma de um artigo do sr. César Benjamin que, a pretexto de comentar o filme “Lula, o Filho do Brasil”, acusa o presidente da República de ter tentado “subjugar” um preso político quando esteve preso durante a ditadura. Segundo Benjamin, o episódio teria sido relatado a ele pelo próprio Lula, em 1994, com uma suposta confissão que teria sido feita na época pelo futuro presidente: “Eu não agüentaria (ficar preso). Não vivo sem boceta”. O artigo de “análise”, segundo a Folha, ocupa uma página inteira do jornal. Quartel-general do candidato tucano à presidência da República, José Serra (PSDB), o jornal dirigido por Otávio Frias Filho não hesitou em chamar o ocupante do mais alto cargo da República de “molestador”, a partir do relato de um terceiro.
“O esgoto corre nas páginas da Folha. O jornal da ditabranda mostra como será a campanha de 2010”, comentou Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador. O jornalista Luis Nassif conversou com o delegado Armando Panichi Filho, um dos dois escalados para vigiar Lula na prisão, que disse nunca ter ouvido falar de nada semelhante ao episódio relatado por Benjamin. Mais do que isso, disse que seria impossível. “Na cela de Lula tinha duas ou três pessoas juntas. No corredor, as celas eram juntas. Qualquer episódio seria percebido ou pelos carcereiros – que davam plantão 24 horas por dia – ou pelos presos nas demais celas. Nunca ouvi falar disso e não acredito que tenha acontecido e muito menos que houvesse possibilidade de acontecer”, disse o delegado. Já a Folhasimplesmente soltou a acusação ao vento, apresentando-a como sendo uma “análise”. Triste fim. Da Folha e do sr. Benjamin.
A decisão de abandonar o jornalismo pode ter sido causada pela acentuada perda de leitores. Segundo artigo de Carlos Castilhos, no Observatório de Imprensa, a Folha, considerada até há bem pouco tempo um dos mais influentes jornais do país, vendeu em média 21.849 exemplares diários em bancas em todo o país, entre janeiro e setembro de 2009. Uma queda gigantesca. Em outubro de 1996, revela Castilhos, a venda avulsa de uma edição dominical do jornal chegava a 489 mil exemplares. Hoje, segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC), a Folha é o vigésimo quarto jornal em venda avulsa na lista dos 97 jornais auditados pelo instituto. A tiragem atual da Folha, mesmo quando somada a dos jornais O Globo e o Estado de São Paulo, corresponde a menos de 5% da média da venda avulsa nacional.
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A íntegra do artigo do sociólogo Cezar Benjamin, “Os Filhos do Brasil”, publicado na Folha de São Paulo nesta sexta (27/11), que originou a reação de Marco Weissheimer e muitas outras mais.
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Nota: O artigo de Cezar Benjamin originou uma imensa polêmica na blogosfera durante toda a sexta-feira e mais intensamente na madrugada de sábado. A acusação feita pelo sociólogo e ex-petista à Lula acabou por desencadear até um protesto em frente à FSP, marcado para o próximo sábado (05/12). Fato é que a disputa eleitoral de 2010 já começou e pelo visto será mais suja e rasteira do que nunca.
Atualização 30/11, 03h47
Durante o final de semana, vários depoimentos negaram a história contada por Benjamin, incluindo o do suposto “estuprado” João Batista dos Santos, ex-metalúrgico que morou e militou em São Bernardo do Campo. Há cerca de três anos, ele ganhou uma indenização da Comissão de Anistia e foi viver em Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo. Por meio do amigo Manoel Anísio Gomes, João declarou a VEJA: “Isso tudo é um mar de lama. Não vou falar com a imprensa. Quem fez a acusação que a comprove”.
O atual presidente do PSTU, José Maria de Almeida – militante da Convergência Socialista na época – que esteve preso na mesma cela que Lula, declarou à imprensa: “Tenho motivos para atacar o Lula. O seu governo é uma tragédia para a classe trabalhadora. Mas isso que está escrito não aconteceu.”
Le Monde será atualizado hoje apenas por blogueiros
A versao do jornal francês Le Monde na internet será atualizada nesta sexta-feira apenas por blogueiros, em comemoração aos cinco anos na web. O site do Le Monde reúne, entre seus blogueiros, assinantes, jornalistas, acadêmicos e especialistas. Eles sao responsáveis hoje por 13% da audidência. (Fonte: Agencia France Presse)
Caetano atacou a desonestidade da Veja; O Globo fez que não ouviu
“É preciso que se saiba que é abominável, que há muita desonestidade ali”, desabafa o cantor e compositor baiano, em tom enérgico. “A classe média instruída brasileira não lê direito a Veja, não acredita tanto. Mas a medianamente instruída se pauta muito por uma possível honestidade jornalística daquele veículo. Esse gente precisa ser avisada de que não há, nem de longe, sombra de honestidade naquilo.”
Classificando os articulistas da Veja como “desonestos”, Caetano citou um caso exemplar da desmoralização pela qual passa a principal revista da Editora Abril, da família Civita. O episódio ocorreu em setembro de 1995, quando Veja publicou uma ma matéria desaforada contra o DJ norte-americano Moby. “Ele diz tanta besteira que até parece o brasileiro José Miguel Wisnik — aquele sujeito que acredita que o termo ‘Big Bang’ é uma apropriação anglo-saxã da origem do universo”, escreveu Sérgio Martins na revista.
Wisnik, no entanto, jamais teceu qualquer comentário do gênero sobre a expressão “Big Bang”. A tal “apropriação” a que Veja se refere foi feita, na realidade, por Caetano, que escreveu para a revista e corrigiu as informações. Além de a carta nunca ter sido publicada, Veja voltou a atribuir a “apropriação” a Wisnik mais duas vezes. “Nunca mudaram, são desonestos. Eu não falo com eles. Outras coisas houve antes, mas essa é inacreditavelmente canalha”, resume Caetano, na entrevista.
Jorge Bastos Moreno – Você tem muita inimizade dentro da música?
Caetano Veloso – Não tenho. Mesmo o Geraldo Vandré — que foi a única briga que eu tive propriamente dessa maneira, naquela altura… Quando eu estava já exilado em Londres, ele foi me visitar. Choramos juntos, estava nevando, conversamos um bocado. Depois que ele voltou pro Brasil, já estive com ele algumas vezes. Mas já faz algum tempo que ele se afastou.
Leia todos os trechos não publicados no jornal O Globo, da entrevista de Caetano Veloso.
Obama concede entrevista à blogueira cubana
Em uma entrevista à BBC Mundo há Sánchez afirmou que no último dia 6 de novembro, ela foi detida durante quase meia hora e espancada por um grupo de homens para impedir que ela chegasse a uma manifestação pública.
Notas:
1) Sigo Yoani no Twitter [@yoanisanchez] e venho acompanhando sua recuperação do espancamento que sofreu há poucos dias, como é citado na matéria da BBC Brasil. Sou solidária a sua luta por liberdade e justiça.
2) Chamou minha atenção a resposta de Obama à última pergunta, se ele estaria disposto a visitar Cuba. O último parágrafo da resposta: “Anticipo el día que pueda visitar una Cuba donde toda su gente pueda gozar de los mismos derechos y oportunidades que goza el resto de la gente del continente.”
3) Se Obama não sabe (*), alguém precisa avisá-lo: Democracia por si só, não garante direito e nem oportunidades a ninguém. E o resto do povo do continente americano vai de mal a pior, tão sem direitos e oportunidades quanto o povo cubano sem liberdade de manifestação e organização. É só olhar o México, onde – teoricamente – existe democracia e o povo é “livre”. Livre para optar entre ser explorado, para continuar recebendo as sobras americanas, ou para morrer tentando atravessar a fronteira para os EUA.
4) Minha pergunta a Obama: O que faria os EUA se Raul Castro anunciasse a “queda do muro” de Cuba, declarasse que todos são livres para ir e vir, e permitisse ao povo cubano atravessar o mar e desembarcar em Miami?
(*) mera figura de linguagem, é óbvio que Obama sabe de tudo isso.
Atualização 21/11/2009 – 4h
No Twitter, sigo também Yohandry Fontana [@yohandry], defensor da revolução cubana e que trava fortíssimos debates com Yoani Sánchez. Vejam na página de Yohandry o questionamento quanto à veracidade do sequestro e agressões denunciados por Yoani.
Como comunista sou antes de tudo libertária. E por mais que o processo de revolução cubana seja instigante e apaixonante, para mim não há socialismo sem democracia, muito menos comunismo sem liberdade. Para quem é informado apenas pela grande imprensa, isso pode soar estranho. Mas quem vai além das versões oficiais, entende exatamente o que digo.
Dica: O debate entre os Y’s pelo Twitter é muito interessante.
Ainda sobre o filho de FHC…
Os dois posts abaixo reproduzem textos publicados nesta segunda-feira, 16, na chamada imprensa alternativa sobre o “furo de reportagem” da colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo. A matéria, de domingo 15, informa que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vai, finalmente, assumir o filho Tomas (ou Thomas) Dutra Schmidt, de 18 anos – fruto de um relacionamento extraconjugal com a jornalista Míriam Dutra da Rede Globo.
Eu mesma escrevi um texto, “O filho bastardo de FHC e a imprensa“, que foi em parte reproduzido no blog Amigos de Pelotas. Lá, no AP, até o título se transformou em polêmica. Através dos comentários me dei conta de que faltava informação, faltava acesso à discussão que eu estava acompanhando desde as primeiras horas de domingo. Então, escolhi dois entre os textos mais indicados no Twitter para socializar com vocês, leitores.
Reproduzo-os na íntegra, logo abaixo, além de deixar o link dos endereços originais. Os textos estão assinados e foram amplamente debatidos e repercutidos pela blogosfera (= nome que se dá ao universo dos blogs e/ou weblogs).
Boa leitura.
Burburinho: Emenda 36 pode ter sido o cala-boca da imprensa
.Stanley Burburinho, do Portal Luis Nassif(16/11/2009 – 11:10).Para comprar o silêncio da imprensa sobre o seu filho fora do casamento, o FHC criou um rombo na Constituição para permitir a entrada de até 30% de capital estrangeiro nas mídias brasileiras que estavam falidas na época:.“EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 36.As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional:(…)Art. 1º O art. 222 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:“Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação.(…)§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º.§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional.” (NR)Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação..Brasília, 28 de maio de 2002.Mesa da Câmara dos Deputados: Deputado AÉCIO NEVES – Presidente”.Clique AQUI para ler a Emenda 36 na página do Senado Federal.Acredito que com essa alteração na Constituição o FHC livrou a Globo de ser questionada pelo fato de ter o aporte de capital da Time-Life, o que a Constituição proibia, quando a TV foi criada durante a Ditadura. Vai que o Lula vence as eleições e resolve questionar isso?
FHC leva 18 anos para reconhecer filho e Folha faz dele um bom caráter
Saiu na primeira página da Folha, em furo de reportagem da colonista (**) Mônica Bergamo.
Depois de dezoito anos, o ex-presidente da República e varão de Plutarco vai reconhecer oficialmente Thomas, filho que teve com jornalista da Globo que cobria o Senado.A relação amorosa do Senador Fernando Henrique Cardoso com a jornalista da Globo Miriam Dutra era pública e sem recato.Sempre se soube que tiveram um filho.Nenhum órgão do PiG (***) tratou de Thomas, em dezoito anos.O argumento – inclusive o da Folha (*) – era comovente: como nenhum dos dois confessa, não é verdade.O PiG (***) blindou o campeão da Moral e dos Bons Costumes.Quem tratou disso foi a revista Caros Amigos.E o Juca de Oliveira que, numa de suas peças, diz abertamente que Fernando Henrique tinha um filho fora do casamento.Na noite a que assisti, a platéia tucana de um teatro que se incendiou suspirou com irritação maior que o ceticismo.O furo de reportagem Bergamo é de levar o leitor às lagrimas.Fernando Henrique aparece como um pai pródigo e generoso, que deu ao filho uma educação exemplar (no exterior).A jornalista, agora, virtuosa, toma a iniciativa de pedir à Globo para se afastar do pai de seu filho e ir trabalhar fora do país.A Globo, também altruísta, entende o drama por que passava a memorável repórter e a transfere para um posto de sacrifício: Barcelona.Coincidentemente, por essa mesma época, o ex-senador resolve se candidatar à Presidência e lá fica por oito anos.Quando, tomado pela afanosa tarefa de governar o país, não tinha tempo de reconhecer o Thomas.Passaram-se os anos, a Globo reconheceu o trabalho profícuo da infatigável jornalista e a deslocou para Londres e, agora, Madrid.Por vinte anos ela ocupa a tela da Globo com reportagens que o amigo navegante não será capaz de olvidar.Agora que o Farol de Alexandria começa a apagar, quando diminui a possibilidade de voltar ao poder, por conta própria, ou pela mão de pseudo-aliados, o pai reconhece o filho.É comovente.A mãe e o pai saem da história da Bergamo como se fossem a Maria e José numa versão pós-moderna.Os que saem mal da história da Bergamo são o Thomas e a D Ruth.A D Ruth, porque deveria saber o que todo mundo sabia, e dançou o minueto da dissimulação.E Thomas, porque teve a ousadia de nascer..Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.