Sobre sonhos e fracassos.
Desde que me entendo por gente (aka faço planos e sonho com o futuro) queria ser jornalista. E mesmo com o ativismo político mais intenso na adolescência que me atrasou um pouquinho, mesmo lá perdida em meio às desilusões políticas e amorosas e efervescência típica da idade, essa era a única certeza: um dia eu seria jornalista.
Esse ser jornalista não cabia no concluir a faculdade ou receber o diploma nem mesmo obter o registro profissional (essa parte, ok, check), ele se espalhava em sonhos do exercício da profissão, em reportagens investigativas perigosas denunciando injustiças, em textos escritos em meio à pressão do relógio e as lágrimas face às dores descobertas. Referia-se fundamentalmente a fazer diferença no mundo, a encontrar as pessoas e com esse exercício profissional transformar suas vidas. Um fazer do trabalho vida, da profissão revolução, de mim mundo.
Óbvio que não consegui. Meu fracasso se assenta em outro, o de ser mãe. E esse segundo me veio por imposição desse mundo machista, não foi sonhado nem querido. Veio e pronto. Tenho tranquilidade hoje de reconhecer que meus fracassos não dependiam apenas de esforço, do querer, de levantar e pegar, fazer. Fiz o que foi possível. Dei o meu melhor. Como ainda estou longe da aposentadoria e nem dei a vida por encerrada, guardei um pouquinho do meu melhor e dos meus sonhos. Alguns são apenas farrapos de outros sonhos maiores, e logo saberei se serão contraditórios êxitos ou costumeiros fracassos (me aguardem).
Sempre achei que era preciso sonhar grande para que qualquer conquista na perspectiva do que foi sonhado fosse uma conquista considerável. Hoje sei que de alguns sonhos não sobram nada, nem a lembrança diante da dureza dos dias e da luta pela sobrevivência. Daí que estou sonhando menor, não para garantir conquista _não há garantias no viver, só riscos_ mas para ficar mais simples de realizar. Para, talvez, constranger um tiquinho o universo em me sacanear tanto e me dar alguma vitória, por menor que seja.
Foi pensando em sonhos e vida profissional e na rotina que cheguei a conclusão que seria bem mais feliz se pudesse mudar para uma casa ampla com vista pra uma lagoa, rio ou mar _alguma água_ e pudesse viver de cozinhar, plantar uma hortinha, um pomar, fazer trabalhos manuais e blogar sobre o dia a dia, as tristezas e alegrias, o mexer nas panelas, alguma artezinha, uma ervinha cultivada aqui, uma fotografia acolá e no meio de tudo escrever. Muito escrever.
Para garantir esse meu pequeno sonho só preciso ganhar na loteria. Alguém aí quer contribuir com um bilhete?
Ou apenas autocomiseração.
4 agosto, 2016 at 3:38 PMago
“Foi pensando em sonhos e vida profissional e na rotina que cheguei a conclusão que seria bem mais feliz se pudesse mudar para uma casa ampla com vista pra uma lagoa, rio ou mar _alguma água_ e pudesse viver de cozinhar, plantar uma hortinha, um pomar, fazer trabalhos manuais e blogar sobre o dia a dia, as tristezas e alegrias, o mexer nas panelas, alguma artezinha, uma ervinha cultivada aqui, uma fotografia acolá e no meio de tudo escrever. Muito escrever.”
Temos sonhos parecidos, só trocaria umas coisinhas ou acrescentaria, não sei. Mas basicamente isso: um tantinho de paz ❤
4 agosto, 2016 at 3:38 PMago
❤
4 agosto, 2016 at 3:38 PMago
queria comentar com alguma coisa agridoce, como o post. com algo meio dolorido, meio esperançoso, com senso de humor. queria te contar que nunca aprendi a fazer planos. as poucas vezes que tentei, fui zoada pela vida. queria dizer que você mudou meu mundo.
mas esta semana tá aqui me lembrando que há momentos na vida que nem mesmo eupolly podemos jogar o jogo do contente.
beijos
4 agosto, 2016 at 3:38 PMago
Lu, e seu eu te disser que tu me deixou meio polly? sim, a semana tá dureza. daí é preciso uma pitada de humor, rir de si mesmo pra seguir. te amo. bj
4 agosto, 2016 at 3:38 PMago
❤ ❤ ❤