Ou a minha carta de intenções ao barbudão da minha vida
Preciso confessar que tu me atraíste desde o primeiro instante que coloquei os olhos em ti, na calçada da Augusto de Lima quase esquina com a Espírito Santo, no centro de Beagá. Aí, veio o primeiro abraço, a conversa, a cerveja e eu fui gostando cada vez mais da tua companhia. Os dois abraços que trocamos aquela noite foram complementares. Ou deveria dizer continuidade, seguimento um do outro? Aquela sensação ficou guardada, esperando uma outra oportunidade de se manifestar, definir, aflorar.
Lembro de meses depois te descrever para a Renata Lima como alguém muito interessante e foi nesse dia que percebi racionalmente o quanto tu me atraías. Mas eu estava me desenroscando de uma pessoa, enroscada com outra e querendo me enroscar com mais outras duas pelo menos e virtualmente a tua intolerância sempre me incomodou — incomoda até hoje, aliás — e não tinhas o perfil, achava eu, para enroscos virtuais ou para enroscos que começam virtualmente. Tenho imensa dificuldade em lidar com homens com os quais sei ou penso saber interessados em mim. Não gosto de ferir propositalmente e sempre que percebo alguém interessado já sei que é mais fácil manipulá-lo e, embora até saiba e tenha inteligência para fazer, não gosto disso. Está parecendo pretensão, né? Mas eu fiquei com a impressão desde sempre que tinhas muito interesse em mim. O jeito como me olhavas naquela noite em Beagá dizia isso e afinidade política sempre tivemos — e para nós dois essas coisas tem um peso imenso.
Mas nos reencontramos e de novo reencontrei teu olhar interessante e interessado e isso ia ficar quieto em mim sem que eu fizesse qualquer esforço na tua direção — não estou na fase desses esforços e mobilizações –, até tu passares a mão em mim, falando no meu ouvido e esfregando a barba na minha nuca, deixando-as marcadas a ferro no corpo e na alma.
Amo tua voz e o jeito que ela amolece com tesão falando baixinho no meu ouvido. Amo teu raciocínio veloz, a forma como articulas o pensamento e gesticulas as mãos falando expondo teu pensamento. Amo teu abraço e como me sinto aconchegada dentro dele e o jeito como me pegas. Amo tua boca e teu olhar e como eles são meus quando estamos juntos. Amo teus sonhos utópicos, tão iguais aos meus e tão diferentes na forma e nos caminhos e passos. E amo principalmente tua coragem, esse agir com o coração assumindo os temores e os enfrentando de peito aberto, honestamente.
Hoje temos mais do que afinidades políticas. Arriscaria dizer que somos a própria definição de afinidade nesse momento, mesmo e justamente com todas as nossas diferenças. Gosto do teu mau humor matinal, dos teus silêncios e até da tua aparente insensibilidade, de precisares de tempo só para ti — e só o fato de não precisar explicar que também preciso de tempo e tê-lo sem maiores dramas já faz uma diferença gigante.
Mais do que dizer-te como o amo e o que amo em ti, essa é uma carta de intenções, as minhas intenções contigo.
Quero passar muitos dias contigo, tantos quanto o tempo nos permitir ficarmos bem. Quero dias de alegria, lealdade, respeito, mezo gentilezas / mezo grosserias e muito tesão. Quero morar e viver contigo da manhã à noite passando pelos pequenos estresses e ajustes do dia a dia, passando até pelos braços de outras pessoas se for o caso, mas que isso não seja impeditivo para permanecermos juntos.
Quero principalmente que fiques e estejas bem, pleno e tranquilo. É só assim que te quero comigo. Porque eu só ficarei contigo enquanto me fizeres bem.
Lembrando aqui do Tavinho Moura, não é que eu não saiba andar sozinha por essas ruas. Eu não quero andar sozinha. Ou melhor… Não quero andar sem ti. Quero meus passos junto dos teus enquanto houver estrada para nós.
15 abril, 2014 at 3:38 PMabr
[…] a mesa com carinho. Durante o jantar, ao som de jazz, revelei o motivo de tanto esmero. Renovar minhas intenções, dizer o quanto fui feliz com ele nesses dois anos e que pretendo continuar sendo por muito mais […]