A tragédia humana, em letras e imagens

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Dia 16 — O livro favorito que virou filme

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Desde que vi a lista de livros do desafio sabia qual seria este, mesmo suspeitando da obviedade. Mas foi um dos únicos filmes que mesmo assistindo depois de ter lido o livro não me decepcionou, e esse foi o meu critério. Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago virou filme nas mãos do cineasta brasileiro Fernando Meirelles e se tornou ainda mais especial para mim, embora a leitura tenha sido aterrorizante.

Todos nós criamos imagens e meio que uma versão cinematográfica mental para cada história que lemos. A visão do diretor combinada com a do roteirista dificilmente vai se aproximar dos filmes criados mentalmente por todos que leram a história, e por isso é comum a decepção com versões para o cinema de nossos livros favoritos. Mas Meirelles conseguiu se aproximar em muito do roteiro da obra de Saramago, que estava quase que roteirizada e por isso, na minha opinião, ficou tão próximo desse filme particular de cada um. Para ser sincera, a minha versão imaginária de Ensaio Sobre a Cegueira era mais violenta, mais perversa e cruel e na tela teria ficado intragável, insuportável de “digerir”.

Ensaio Sobre a Cegueira é um romance que conta a história de uma epidemia de cegueira, inexplicável, que se abate sobre um país. A “cegueira branca” – assim chamada porque as pessoas infectadas passam a ver apenas uma superfície leitosa – atinge primeiramente um homem no trânsito e, lentamente, espalha-se pelo país. Aos poucos, todos ficam cegos e à medida que os afetados pela epidemia são colocados em quarentena e os serviços do Estado começam a falhar, a trama segue a mulher do médico que atendeu o primeiro infectado, a única pessoa que não é afetada pela doença e mantém esse segredo dos demais. O desenrolar da história é um festival horrores e violência que só a natureza humana é capaz de proporcionar.

“Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso.”

Essa foi a reação de José Saramago logo após assistir a premier do filme ao lado de Meirelles:

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Vou eu discutir com Saramago?

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Baixe Ensaio Sobre a Cegueira em pdf.

Baixe a versão cinematográfica de Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles.

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No desafio 30 livros em um mês também estão a Luciana do Eu Sou a Graúna, a Tina do Pergunte ao Pixel, a Renata do As Agruras e as Delícias de Ser, a Rita do Estrada Anil, a Marília do Mulher Alternativa, a Grazi do Opiniões e Livros, a Mayara do Mayroses, a Cláudia do Nem Tão Óbvio Assim, a Juliana do Fina Flor, o Pádua Fernandes de O Palco e o Mundo e também a Renata do Chopinho Feminino. E tem mais a Fabiana Nascimento que posta em notas no seu perfil no Facebook. Mais alguém?

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Sobre Niara de Oliveira

ardida como pimenta com limão! marginal, chaaaaaaata, comunista, libertária, biscate feminista, amante do cinema, "meio intelectual meio de esquerda", xavante, mãe do Calvin, gaúcha de Satolep, avulsa no mundo. Ver todos os artigos de Niara de Oliveira

4 respostas para “A tragédia humana, em letras e imagens

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