Feminicídio é a classificação dada pelo movimento feminista para o assassinato sexista de mulheres. Explicando melhor. Não é feminicídio quando uma bala perdida atinge uma mulher durante tiroteio entre polícia e bandidos numa favela ou uma mulher morre numa briga com uma vizinha. Pode ser assassinato, mas o crime não teve motivação sexista. É isso que classifica o feminicídio: motivação sexista, de posse.
Quando vi essa charge do Latuff – que ele fez especificamente para a nossa campanha dos 5 dias de ativismo online em novembro de 2010 -, me pareceu perfeita para o que o feminicídio representa. Quando uma mulher é assassinada por motivação sexista e o assassino é identificado, todos se apressam para chamar de monstro (vide goleiro Bruno, Pimenta Neves e tantos outros). Mas não nos esqueçamos que eles não apenas não foram coibidos em seus instintos mais primitivos de posse e crueldade com relação às mulheres, como alguns são incentivados.
A verdade é que essas mulheres, vítimas de feminicídio, pressentiram o perigo. Todas elas pressentem e denunciam, pedem socorro e proteção. Umas para a polícia, outras judicialmente e outras apenas para seus familiares. E ninguém dá ouvido. Todos pensam mais ou menos assim: “Te envolveste com este canalha porque quiseste. Agora, aguente as consequências”. É esse pré-julgamento que todas as mulheres enfrentam quando pedem socorro ao se sentirem ameaçadas. Para os familiares que pensaram assim e viram suas mães, filhas, irmãs, netas serem assassinadas fica a culpa por não terem dado ouvidos aos seus reclames. Mas polícia e justiça se eximem de qualquer culpa ou responsabilidade.
É óbvio que o feminicista tem que ser responsabilizado e punido exemplarmente, mas quando um feminicído acontece toda a sociedade é responsável e culpada. Elisa Samúdio não apenas teve suas queixas e denúncias ignoradas como continua a ser responsabilizada pela sua morte – sim, não tenho dúvidas de que ela está morta. Até quando permitiremos isso? Quantas Elisas, Mércias, Eloás, Marias Islaines, Elianes mais terão que morrer até darmos um basta neste absurdo?
.
#FimDaViolenciaContraMulher
.
* Texto da campanha 5 dias de ativismo online pelo fim da violência contra a mulher, de novembro de 2010, repostado agora com correções.
8 agosto, 2011 at 3:38 PMago
[…] em apenas 40% da violência ocorrida. E detalhe: Nos últimos anos vimos novamente o número de feminicídios crescer assustadoramente, inclusive entre adolescentes e […]
18 novembro, 2011 at 3:38 PMnov
[…] Penha e o procedimento padrão no caso de denúncia. Uma indicação é reforçar o termo “feminicídio” e não desviar o foco do combate à violência de gênero. No Blogueiras Feministas tem […]
25 novembro, 2011 at 3:38 AMnov
[…] da Penha e o procedimento padrão no caso de denúncia. Uma indicação é reforçar o termo “feminicídio” e não desviar o foco do combate à violência de gênero. No Blogueiras Feministas tem muitos […]
25 novembro, 2011 at 3:38 PMnov
[…] https://pimentacomlimao.wordpress.com/2011/06/09/sobre-os-feminicidios/ […]
6 fevereiro, 2012 at 3:38 PMfev
Muito interessante e forte o seu texto! Há um filme do Lars Von Trier, em que ele aborda esse tema, sob um ponto de vista um pouco diferente. O da mulher que é responsável pelo seu próprio “feminicídio”. Isso ele o faz para mostra o quão doente a personagem era…
4 março, 2013 at 3:38 AMmar
[…] da Mulher. Entre as feministas – e nós com elas – é claro que é um dia de luta. Luta contra a opressão, a violência, a discriminação. E luta contra a invisibilidade. Todos os dias quando dizemos: “as mulheres” estamos encobrindo […]