Tocando a flauta declara-se amor ou anuncia-se o regresso dos caçadores. Ao som da flauta, os índios walwai convocam seus convidados. Para os tukano, a flauta chora; e para os kalina, fala, porque quem grita é trombeta.
Nas margens do rio Negro, a flauta garante o poder dos varões. Estão escondidas as flautas sagradas e a mulher que as vê merece a morte.
Em tempos muito remotos, quando as mulheres possuíam as flautas sagradas, os homens carregavam lenha e água e preparavam o pão de mandioca.
Contam os homens que o sol indignou ao ver que as mulheres reinavam no mundo. O sol desceu à selva e fecundou uma das virgens, deslizando sucos de folhas entre suas pernas. Assim nasceu Jurupari.
Jurupari roubou as flautas sagradas e entregou-as aos homens. Ensinou-lhes a ocultá-las e defendê-las e a celebrar festas e rituais sem mulheres. Contou-lhes, além disso, os segredos que deveriam transmitir ao ouvido de seus filhos varões.
Quando a mãe de Jurupari descobriu o esconderijo das flautas sagradas, ele condenou-a à morte; e de seus pedacinhos fez as estrelas do céu.
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Do livro Memória do Fogo, Nacimentos de Eduardo Galeano
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Locos por ti, America!
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12 junho, 2010 at 3:38 PMjun
Lindo…..NoMoreComments
18 setembro, 2011 at 3:38 AMset
[…] publiquei alguns trechos deles aqui no Pimenta, como O Tempo, As Estrelas e Pachamama e ainda publicarei muitos outros mais sempre que estiver relendo-os. Antes de conhecer […]