Mais de três décadas depois, a professora uruguaia Lilian Celliberti voltou a encontrar, nesta quinta-feira, o ex-policial do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) gaúcho João Augusto Rosa, em Porto Alegre. Ele foi condenado na década de 80 por ter seqüestrado Lilian, o marido Universindo Diaz e dois filhos dela, de três e sete anos, em novembro de 1978. O crime ocorreu em um apartamento na rua Botafogo, bairro Menino Deus, e foi tema do Livro “Operação Condor: sequestro dos uruguaios”, escrito pelo jornalista Luiz Claudio Cunha. A obra levou o ex-policial a processar Cunha, e, por isso, uma audiência reuniu o ex-agente do Dops, a uruguaia, e o autor do livro, na 18ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre.
Lilian, ao deixar o local, lamentou que o homem acusado de sequestrá-la processe quem tenta relembrar a repressão política. “Meu sentimento hoje é de lembrança de um fato que traumatizou meus filhos”, disse. Na audiência, ela testemunhou em defesa do jornalista. “Fico triste pela impunidade no Brasil em relação à ditadura e por não ter tido a oportunidade de acusar, ao invés de defender, nesta mesma cidade”.
Rosa sempre negou ter seqüestrado Lilian. Contudo, o jornalista Luiz Claudio Cunha, garante que foi até o o apartamento da rua Botafogo, na ocasião do sequestro, e teve uma arma apontada para sua cabeça pela mesma pessoa que agora tenta processá-lo. Na ação, o ex-policial exige uma retratação pelo suposto uso indevido de imagens e de expressões utilizadas no livro. “Ele diz que sou medíocre, fala que tenho focinho, mas isto é coisa de animal”, reclama. “Eu fiquei mais ofendido quando ele colocou um revólver na minha testa, por ter testemunhado um crime cometido por ele”, rebateu Cunha.
A juíza Maria Helena Soares decide nos próximos dias se dá ou não sentença favorável ao ex-agente da repressão política.
5 fevereiro, 2010 at 3:38 AMfev
Esse foi o grande erro da transição politica. Tivessem punido os crimes cometidos na epoca da ditadura, tanto de um lado como de outro, este pais nao estaria na anarquia politica de hoje. A impunidade enrraizou-se neste pais. Os politcos expulsos pela repressao estao no poder. Ocupam os altos cargos do governo e hoje sao ate candidatos ao cargo maior.
5 fevereiro, 2010 at 3:38 PMfev
E ainda tem pessoas que defendem estes tipos de animais que só são “machos” com poder opressivo de ditadores…
São os mesmos que se escondem neste período pré-eleitoral para inverter papéis e insinuarem que “o outro lado” é que era bandido e assassino…
Pobres ignorantes!!!
P.S.: Por que o machão Rosa entrou na justiça…. Por que não resolveu o assunto com sua arma em punho???
Resposta: Porque existiram muitos heróis anônimos e poucos heróis famosos que aqui lutaram e aqui conquistaram a liberdade que hoje vivemos. Se dependessemos dos que foram para o Chile e Sobbourne (só para citar com exemplo) a ditadura que aqui reinou seria hereditária (de pai para filho)!
E tenho dito!
29 março, 2010 at 3:38 PMmar
Sou um professor de História formado em 2005 pela unesp em Assis. Costumo sempre dizer que se eu tivesse me formado 40 anos antes meu nome constaria no livro de Nilmário Miranda junto as centenas de heróis que tombaram no solo deste país clamando por democracia. Me envergonha a atitude de nossos governantes e juízes que através de suas leis deixaram impunes dezenas de criminosos covardes e torturadores, mas meu peito transborda de esperanças, talvez a mesma que consolou muitos de nossos irmãos que em carcere sofreram horrores e a morte. Esperança de que através de nossa luta diária, não com armas de fogo, mas a luta travada pelos verdadeiros educadores que como eu acreditam que a educação é a melhor arma para a consolidação de um país justo e igualitário. Salve todos nossos “subversivos” heróis. Sou um deles!!!
16 julho, 2010 at 3:38 AMjul
[…] foi testemunha de defesa de Cunha, e reconheceu “Irno” na audiência em fevereiro, o que foi decisivo para o desfecho do processo. A juíza Cláudia Maria Hardt, da 18ª Vara Cível […]